O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta terça-feira (3), de uma coletiva de imprensa em Brasília, ocasião em que aproveitou para anunciar os próximos programas lançados, com destaque para o Agora Tem Especialistas, com foco em expandir o atendimento de especialistas aos usuários da rede pública de saúde.
Questionado sobre a crise de imagem do governo após a tentativa do Ministério da Fazenda em aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Lula defendeu o ministro Fernando Haddad (PT), afirmando que a proposta foi uma tentativa de compensar a desoneração da folha de pagamento exigida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas não apresentada pelos senadores.
“O Haddad, no afã de dar uma resposta logo à sociedade, apresentou uma proposta, que ele elaborou na Fazenda. Se houve uma reação de que tem outras possibilidades, nós estamos discutindo essas outras possibilidades”, pontuou o presidente.
Para resolver tal questão, Lula adiantou que ofereceria um almoço na própria residência nesta terça-feira aos participantes das negociações, a fim de chegar a uma conclusão para alinhar as contas públicas. “Economia não tem mágica, e quem acha que tem mágica quebra a cara.”
Lula foi questionado ainda sobre o escândalo do INSS, especialmente em relação às instituições que promoviam descontos indevidos do benefício de aposentados ligadas ao PT.
O presidente então ressaltou que o seu governo identificou os desvios, mas em vez de fazer “pirotecnia”, determinou que os supostos crimes fossem investigados pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
“Todo mundo sabe que isso é um erro feito no governo passado, possivelmente propositalmente, a gente ainda não está denunciando muito fortemente porque temos de apurar”, comentou o chefe de Estado.
Lula então garantiu que os responsáveis serão punidos e as vítimas, os aposentados, serão ressarcidos. No entanto, pediu cautela nas investigações, até para que as entidades envolvidas possam apresentar provas de inocência. “Até agora nenhuma apresentou.”
Sanções
Em relação às possíveis sanções dos Estados Unidos contra autoridades que cerceiem a liberdade de expressão de cidadãos e empresas norte-americanas, o presidente adiantou ser “inadmissível que um presidente de qualquer país do mundo dê palpite sobre a decisão da suprema corte de um outro país”.
No entanto, garantiu que o Brasil defenderá não só o ministro Alexandre de Moraes, do STF, quanto os demais ministros da Suprema Corte em caso de retaliações.
Já sobre as taxas de produtos importados pelos EUA, o presidente brasileiro revelou que a estratégia foi ganhar tempo a partir de negociações para evitar uma eventual super taxação. “O ministro [Geraldo] Alckmin e o ministro Mauro Vieira fizeram várias reuniões.”
Em segundo lugar, Lula defendeu recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para intermediar melhores taxas de importação com os EUA. Apenas como última estratégia está a reciprocidade.
“O mundo tem regras civilizatórias para convivência entre os países, o multilateralismo foi uma das coisas mais extraordinárias criadas depois da Segunda Guerra Mundial e é importante respeitar”, acrescentou.
Terrorismo
Lula criticou ainda a atuação do deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, que clama pela intervenção dos norte-americanos em relação ao Brasil, a partir do discurso de que o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria sendo uma vítima de perseguição política. Jair é investigado por tentativa de golpe de Estado entre outros crimes e será ouvido na próxima semana pelo STF.
“O que é lamentável é que um deputado brasileiro, filho de ex-presidente, está lá a convocar os EUA para se meter na política interna do Brasil. Isso que é grave. Isso que é uma prática terrorista. Isso que é uma prática antipatriótica”, afirmou o presidente.
“Pedir licença do mandato para ficar lambendo as botas do [presidente Donald] Trump e de assessor, pedindo intervenção na política brasileira. não é possível aceitar isso”, emendou o chefe de Estado.
Genocídio
O presidente brasileiro reafirmou, mais uma vez, a sua convicção de o que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio, em que o exército de Israel mata mulheres e crianças.
Lula lembrou que manifestações do ex-primeiro-ministro israelense e de membros do próprio exército de Benjamin Netanyahu de que a matança em Gaza é um genocídio, repudiado, inclusive, pela população israelense.
“É exatamente pelo que o povo judeu sofreu na sua história que o governo de Israel deveria ter bom senso e humanismo no trato com o povo palestino. Só haverá paz quando a gente tiver consciência de que o palestino tem direito ao seu Eestado, à terra demarcada”, concluiu o presidente.
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