Na última sexta-feira (6), o jornal golpista Folha de São Paulo publicou uma matéria revelando que a Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação contra a revista Piauí e os jornalistas Allan de Abreu e Roberto Alexandre dos Santos. A repressão foi desencadeada após a publicação de uma reportagem em fevereiro de 2023, que denunciava irregularidades envolvendo o delegado Carlos Henrique Cotait.

Trata-se de um ataque escandaloso à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão do povo brasileiro. A ação policial, que inclui buscas, apreensões e intimidações, demonstra como o aparato estatal está sendo usado para silenciar denúncias e proteger interesses escusos, em um claro sinal de escalada autoritária no País.

A reportagem da Piauí expôs a relação entre Cotait, então chefe da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Araçatuba(SP), e o hacker Patrick César da Silva Brito, acusado de invadir computadores, celulares e contas em redes sociais de alvos da Operação Raio X a mando do delegado e sua equipe. O delegado já era investigado pela Corregedoria da Polícia Civil, por suspeitas de uso de serviços ilegais de hackers.

Em 29 de agosto de 2024, ele foi afastado do cargo por ordem do secretário de Segurança Pública do governo de São Paulo, Guilherme Derrite. Apesar disso, a Polícia Civil voltou suas atenções contra os jornalistas que trouxeram os fatos à tona, em uma tentativa de criminalizar o trabalho investigativo.

Intimidação e abuso de poder

Dois meses após a publicação da reportagem, dois investigadores do Deic, subordinados a Cotait, iniciaram uma apuração contra a Piauí no âmbito de um inquérito relacionado ao hacker. O relatório policial incluiu dados pessoais de Allan de Abreu, como CPF, filiação e endereço residencial, configurando uma clara prática de intimidação.

Além disso, o jornalista freelancer Roberto Alexandre dos Santos, que colaborou com a apuração em Araçatuba, também foi alvo. Mesmo tendo optado por não assinar a matéria para evitar perseguições, Santos foi identificado por Cotait como um dos responsáveis pela denúncia.

A repressão contra Santos foi ainda mais agressiva. Na última quinta-feira (5), uma semana após o afastamento de Cotait, a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão em sua residência, apreendendo seu celular e notebook.

A justificativa para a operação foi o conteúdo de um celular pertencente a Igor Antonio Venâncio, integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), que continha conversas com o jornalista sobre o fretamento de um ônibus para uma manifestação em Brasília. Embora Santos tenha esclarecido que não financiou a ação, os policiais usaram essas mensagens como pretexto para acusá-lo de obstrução de justiça, em uma manobra que escancara a instrumentalização do poder policial contra a imprensa.

O inquérito, conduzido pelo delegado José Luís Silva Abonizio com base em um relatório do investigador Paulo Henrique Ianella, chegou a construir um organograma que inclui Santos, o hacker, um policial desafeto de Cotait e até o diretor de redação da Piauí, André Petry, como supostos envolvidos em um esquema criminoso. Allan de Abreu, por sua vez, recebeu uma intimação em 7 de abril de 2025, mas, por orientação de seu advogado, recusou-se a depor. O advogado da Piauí, Luis Francisco Carvalho Filho, classificou a investigação como “um flagrante e inusitado ataque à liberdade de informação jornalística”, denunciando a tentativa de transformar uma reportagem em crime.

Escalada repressiva no jornalismo

O caso da Piauí não é isolado. Na última sexta-feira (6), a Polícia Civil de São Paulo abriu outro inquérito contra um jornalista do portal Metrópoles, após a publicação de uma matéria sobre movimentações financeiras de Fábio Pinheiro Lopes, ex-diretor do Deic. A investigação, qualificada como “tentativa de censura” pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), reforça a criação de um ambiente de intimidação contra a imprensa. Lopes foi citado nas delações de Vinícius Gritzbach, acusado de lavagem de dinheiro para o PCC, assassinado em novembro de 2024 no aeroporto de Guarulhos.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também condenou o uso de cargos policiais para coagir jornalistas, apontando a gravidade do precedente aberto por essas ações. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que “não compactua com abuso de autoridade” e defendeu a liberdade de imprensa, mas não esclareceu os motivos para incluir os jornalistas nas investigações nem a relação de Cotait com os pedidos de apuração. Uma resposta evasiva que apenas evidencia a conivência do governo estadual com a repressão.

Um ataque à verdade

A tentativa de Cotait de proibir a publicação da reportagem da Piauí em dezembro de 2022, sob a alegação de que se tratava de “fake news”, revela a verdadeira face do discurso de combate à desinformação. Longe de proteger a verdade, esse pretexto tem sido usado para censurar denúncias e impedir a circulação de informações que expõem a corrupção e os abusos de poder. A negativa da Justiça em atender ao pedido do delegado não foi suficiente para deter a perseguição, que agora se materializa em inquéritos e operações policiais contra jornalistas.

A repressão ao trabalho jornalístico, como no caso da Piauí e do Metrópoles, é parte de uma ofensiva mais ampla contra a liberdade de expressão no Brasil. Trata-se do uso escancarado aparato estatal para proteger figuras como Cotait, enquanto se persegue quem cumpre o papel de informar, demonstrando que o combate às “fake news” serve, na prática, aos interesses de uma camada de privilegiados, que teme a transparência. Esse cenário de repressão ameaça não apenas a imprensa, mas o direito do povo brasileiro de acessar informações verdadeiras e cobrar justiça.

Apoio da esquerda

Graças ao apoio da esquerda, a sanha persecutória segue a todo vapor. Aqueles que sustentam que a liberdade de expressão deveria ter limites, não perceberam que abriam uma caixa de Pandora e o resultado é que já não se pode falar mais nada.

 

A repressão sempre começa de mansinho, dizem que é para “coibir o racismo”, defender as crianças da pedofilia, e acaba com ninguém podendo falar nada. Nem os monopólios de imprensa, como já era de esperar, escapam.

Jornalistas podem ser processados e condenados por divulgarem informações públicas. O clima persecutório que se instalou, a criminalização até de piadas, o apoio ao autoritarismo do Supremo Tribunal Federal, especialmente na figura do ministro Alexandre de Moraes, têm levado ao fechamento do regime.

Quem decide

A esquerda pequeno-burguesa, por seus laços ideológicos com a burguesia, acredita que o Estado esteja a seu serviço. Se esquece, no entanto, que o Estado é burguês, e defende os interesses da burguesia. Quem decide aquilo que pode ser dito, portanto, são instituições de um Estado inimigo do povo.

Quando um ministro do STF instaura um inquérito sobre fake news, um termo em língua estrangeira, não tem nada a ver com o desejo de salvaguardar a verdade. O intento é apenas um: aumentar o controle sobre a sociedade.

Claro que, em se tratando de uma instituição do Estado, o controle maior será contra a classe trabalhadora. Todas as leis antidemocráticas que têm sido implementadas, com ajuda de setores da esquerda, vão cair como uma mão de ferro contra a classe trabalhadora.

Um dos resultados dessa política ditatorial é que a população vai se afastando dessa esquerda e sendo capturada pelo bolsonarismo. Os resultados estão aí, para quem quiser ver.

A esquerda está cavando a própria cova. Defender o STF, militar por leis cada vez mais rígidas, é um caminho certo para o desastre.

 

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Last Update: 08/06/2025