O governo britânico deportou mais de 600 brasileiros em três voos classificados como secretos entre agosto e setembro deste ano, informou o jornal britânico ‘The Guardian’. Entre os deportados, estavam 109 crianças, marcando um recorde histórico para deportações de cidadãos de uma única nacionalidade realizadas nesses termos.
Embora classificadas como “voluntárias”, as deportações incluíram muitos indivíduos que haviam ultrapassado o prazo de permanência de seus vistos. Segundo o Ministério do Interior britânico, incentivos financeiros de até 3.000 libras (cerca de R$ 22 mil) foram oferecidos a quem aceitasse o retorno ao Brasil.
De acordo com o The Guardian, todas as crianças deportadas pertenciam a unidades familiares. Muitas estavam matriculadas em escolas britânicas e haviam passado a maior parte de suas vidas no Reino Unido.
A Coalizão de Latino-Americanos no Reino Unido expressou preocupação com o aumento das deportações de brasileiros, ressaltando barreiras enfrentadas pela comunidade para obter informações jurídicas de qualidade, especialmente em português.
“Muitos brasileiros migraram utilizando regras da União Europeia antes do Brexit. Com as mudanças nas leis de imigração, famílias foram pegas de surpresa e ficaram em situação irregular devido à desinformação e aos novos requisitos”, afirmou a organização.
Desde a saída do Reino Unido da União Europeia, concluída em 2021, cidadãos estrangeiros perderam o direito automático de residência no país, o que impactou diretamente os migrantes que dependiam dessas regras.
O Ministério do Interior britânico defendeu as deportações como parte de um plano para conter a imigração ilegal, reduzir a dependência de hotéis para abrigar imigrantes e economizar cerca de 4 bilhões de libras nos próximos dois anos.
A ação segue um cenário de endurecimento das políticas migratórias no Reino Unido. Em abril, o Parlamento britânico aprovou uma lei que permite enviar solicitantes de asilo para Ruanda, independentemente de terem ligação com o país africano. A medida, uma promessa do ex-primeiro-ministro Rishi Sunak, enfrenta forte resistência de organizações de direitos humanos e foi suspensa em junho pelo tribunal europeu de direitos humanos.
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