
O acidente no Elevador da Glória, em Lisboa (Portugal), que deixou 15 mortos e 18 feridos, nesta quarta (3) expôs críticas à gestão do ponto turístico, que vinha sofrendo com falhas de manutenção. A tragédia ocorreu após uma das cabines descarrilhar e se chocar contra um edifício na capital do país.
Trabalhadores da Carris, empresa municipal responsável pelo transporte, já haviam alertado para falhas recorrentes na manutenção após a terceirização do serviço. Segundo sindicatos, a transferência para a empresa MAIN – Maintenance Engineering comprometeu a qualidade das revisões e aumentou os riscos de acidentes.
“Há anos os trabalhadores alertam sobre a necessidade de retomar a manutenção interna. O acidente de hoje confirma essas preocupações”, afirmou Manuel Leal, dirigente da Fectrans (Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações) e do STRUP (Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal).
O elevador funciona por um sistema de tração elétrica aliado a cabos de segurança que ligam as duas cabines. Quando um sobe, o outro desce. Segundo especialistas, tudo indica que houve uma falha nesse mecanismo compensatório.
Francisco Oliveira, do SITRA (Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes), explicou que “tudo aponta para que possa ser uma falha mecânica”. Ele apontou que, em condições normais, os dois carros funcionam em sincronia: “Um puxa o outro. Quando um trava a descer, o outro que vai a subir trava também. E vice-versa”.
Descarrilamento Elevador da Gloria #Lisboa 🚨
62 operacionais no local, apoiados por 22 meios terrestres (em atualização)– INEM / BV
– RSB Lisboa
– PSP e PM– Desconhecido numero total de feridos / Pelo menos 7 graves
– Pelo menos 11 fatalidades #Acidente #elevadorgloria pic.twitter.com/sLluOEoR2y— José Pereira (@JosePereira_ME) September 3, 2025
Testemunhas contaram que a cabine estacionada junto ao Largo dos Restauradores chegou a cair por cerca de um metro, mas não descarrilou. Já a que vinha do Bairro Alto, carregada de passageiros, ganhou velocidade e não conseguiu frear na curva da Calçada da Glória. A violência do impacto destruiu parte da estrutura e causou as mortes.
A Carris, em nota oficial, defendeu-se e alegou que todos os protocolos foram seguidos. A empresa destacou que o elevador passou por manutenção geral em 2022 e revisão em 2024, além de inspeções diárias, semanais e mensais. Mesmo assim, sindicatos acusam a companhia de não atender às queixas internas sobre problemas técnicos reportados repetidamente.
A infraestrutura foi inaugurada em 1885 e depende de manutenção constante. O Elevador da Glória, classificado como monumento nacional desde 2002, liga a Praça dos Restauradores ao Bairro Alto, num percurso de 265 metros, e é uma das atrações mais procuradas por turistas em Lisboa, transportando cerca de 3 milhões de passageiros por ano.
O presidente Marcelo Rebelo de Sousa lamentou as mortes e expressou solidariedade às famílias, exigindo apuração rigorosa. “Espera-se que a ocorrência seja rapidamente esclarecida pelas entidades competentes”, afirmou.