Em abril, foram vendidos em todo o mundo 1,5 milhão de veículos elétricos ou híbridos plug-in. De janeiro a abril, o total foi de 5,6 milhões de unidades, um crescimento de 29% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados foram divulgados pela Rho Motion, empresa especializada em pesquisas e consultoria sobre transição energética.

Os números divulgados também desnudam o impacto da guerra tarifária nos mercados. Na Europa, as vendas cresceram 25% no primeiro quadrimestre. Na China, o aumento foi de 35%. Na América do Norte, o acréscimo foi de apenas 5%. No entanto, em abril, no ápice das disputas comerciais, as vendas caíram 5,6% na América do Norte.

A evolução técnica dos veículos elétricos e a força dos grandes fabricantes são fatores essenciais para o crescimento desse mercado, mas existe outro componente: a política. O impacto gerado pela disputa entre China e EUA interferiu imediatamente no resultado global.

O volume de produção de veículos elétricos ainda é baixo. Não existem muitas linhas no mundo. Ainda assim, o segmento tende a crescer dois dígitos. Essa é uma boa notícia para o Brasil, que está em vias de ter fábricas da BYD, GAC e GWM, que vão se somar às unidades da Caoa Chery, Lecar e outras. Com capacidade de produção e oportunidades de exportação, o País pode acelerar o crescimento desse setor.

Pisca-alerta ligado

O setor de veículos também está sofrendo com a taxa de juros que foi elevada na última reunião do Copom. E a preocupação só aumenta com a divulgação de que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, prevê que o ciclo de alta pode ser mais longo do que se imaginava. A Anfavea, que representa as montadoras, vê com cautela o desempenho do setor, apesar de um primeiro quadrimestre com resultados positivos. O único segmento a registrar queda foi o de caminhões, que reduziu o volume em 0,4%. Exatamente a categoria na qual os compradores são, em sua maioria, empresas, as que olham com maior atenção a questão dos juros.

Os dados de abril são os que mais preocupam. Neste mês, a queda foi de 5,5% em todo o setor, envolvendo desde carros até caminhões e ônibus. Isso, apesar do grande volume de negócios realizados com locadoras, que foram responsáveis por quase 25% das vendas no período. Durante o ano, a taxa média de financiamento ficou em 29,5%, e agora caiu para 28%. Com o novo aumento da Selic, a expectativa é de que o custo do crédito suba novamente.

Ligado no 220

Está surgindo a maior rede de carregamento para carros elétricos e híbridos do Brasil. Ela é resultado de um acordo fechado entre BYD, EZVolt e Tupi Mobilidade. O acordo prevê a integração de perto de 1,5 mil carregadores em uma única plataforma. Todas as regiões serão contempladas.

A operação começou a funcionar nesta semana, integrando os eletropostos da EZVolt, que têm 450 pontos, aos locais disponíveis no APP BYD Recharge. Com ele, será possível localizar os pontos mais próximos e a disponibilidade deles, permitindo ao motorista escolher entre os mais acessíveis e livres para uso. O pagamento também será feito pelo aplicativo. A Tupi entra no projeto exatamente com a tecnologia de localização, viabilizando a integração do sistema.

China avança

Aconteceu o esperado. As exportações da China para os EUA despencaram em abril. No entanto, segundo o governo chinês, a estratégia de reforçar as oportunidades em outros mercados despontou com grande eficácia. As vendas foram redirecionadas para o Sudeste Asiático, Europa, América Latina e África. O resultado foi um aumento de 8,1% em dólares, comparado com o mesmo mês do ano anterior.

A China informou que as exportações para os EUA despencaram em abril, uma vez que o ataque tarifário do governo Trump forçou a segunda maior economia do mundo a direcionar mais produtos para outros países. Com a trégua controlada, a expectativa é de que os volumes para a América do Norte voltem a patamares mais próximos dos anteriores.

As remessas para os EUA caíram 21% em abril, se comparadas com abril de 2024, de acordo com a Administração-Geral das Alfândegas da China. O volume de exportações para a América Latina foi 17% superior. Mas o destaque ficou com o aumento de exportações para a África: crescimento de 25%. No caso da União Europeia, a alta foi de 8,1%.

Um número, em particular, é motivo de preocupação para os brasileiros: a queda das exportações para a China. Os negócios ficaram 29,54% menores em valor nos primeiros quatro meses. O Brasil foi o que teve maior queda dentre os países da América Latina. •

Publicado na edição n° 1363 de CartaCapital, em 28 de maio de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Elétricos em alta’

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Last Update: 22/05/2025