Eleições são um exercício de democracia até que a classe dominante perca o seu poder de influência

A campanha eleitoral começou com dois candidatos empatados na liderança: Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB). A imprensa tratava os dois candidatos com respeito e parecia apenas aguardar o resultado do pleito.

Aos 45 minutos do segundo tempo, surgiu a candidatura de José Luís Datena (PSDB). Nesse momento, surgiram investigações sobre o atual prefeito, Ricardo Nunes, sugerindo que um setor da burguesia pretendia tirar Nunes do segundo turno com a candidatura de Datena.

Embora as investigações parecessem apenas parte de um arranjo interno da burguesia, surgiu a figura de Pablo Marçal. Apesar de seu partido, o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), não ter superado a cláusula de barreira, Marçal rapidamente se tornou um dos favoritos para ganhar o pleito.

A diferença entre Datena, Boulos e Nunes é que Marçal não é o candidato de um grande setor da burguesia. Sua candidatura cresceu porque ele se apresentou como o candidato “antissistema”, oposto a Boulos, Nunes e Datena. E, por isso, começou a receber apoio de uma parcela da população.

Bastou que Marçal atingisse dois dígitos nas pesquisas que não apenas ele foi investigado, como se tornou alvo de uma campanha explícita pedindo sua exclusão das eleições. Uma campanha que incluiu pedidos do Ministério Público para cassar sua candidatura e petições redigidas pelo PSOL e artigos escritos pela imprensa burguesa pedindo que Marçal não fosse chamado para os debates.

A perseguição a Marçal deixou claro como funciona o processo eleitoral. Não é um processo democrático. Se há alguma aparência de “democracia”, ela se esvai na primeira oportunidade em que um candidato ameaçar dificultar os planos traçados pelos poderosos.

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