No primeiro turno das eleições presidenciais da Polônia, realizado ontem (18), Rafał Trzaskowski, da Plataforma Cívica (PO), obteve 30,8% dos votos, seguido de perto por Karol Nawrocki, do partido Lei e Justiça (PiS), com 29,1%, segundo pesquisa de boca de urna do Instituto Ipsos. Como nenhum candidato alcançou 50% dos votos, os dois disputarão o segundo turno, marcado para 1º de junho, em uma eleição que reflete a relevância da Polônia como importante país-membro da OTAN por ser vizinho da Ucrânia. A participação eleitoral foi de 66,8%, dois pontos acima de 2020, indicando forte engajamento popular.
A Polônia abriga tropas norte-americanas, adquirindo bilhões em armamentos e funcionando como um centro logístico para o conflito na Ucrânia. Desde que Donald Tusk assumiu o governo em 2023, o país intensificou o apoio a Quieve, aumentou gastos militares e reforçou a presença militar imperialista em sua fronteira oriental.
Trzaskowski, aliado de Tusk, promete manter essa linha, com foco no envio de mais armas para a Ucrânia e na consolidação da Polônia como um “Estado-fortaleza” da OTAN. Nawrocki, por outro lado, representa o PiS, que, embora alinhado à OTAN, adota uma postura mais cautelosa em relação à Ucrânia, priorizando questões internas e uma política nacionalista.
O segundo turno será marcado por uma campanha intensa. Prefeito de Varsóvia, Trzaskowski busca atrair eleitores de centro e da esquerda, como os que apoiaram Adrian Zandberg (4,8%) e Magdalena Biejat (4,1%), ambos de partidos progressistas. Historiador sem experiência política prévia, Nawrocki tenta consolidar o voto conservador, incluindo apoiadores de Sławomir Mentzen (15,4%) e Grzegorz Braun (6,3%), candidatos de extrema direita que surpreenderam no primeiro turno.
Nawrocki apelou aos eleitores de centro-direita, afirmando que a eleição de Trzaskowski entregaria “todo o poder” a Tusk, enquanto Trzaskowski classificou seu rival como um “radical” que poderia levar a Polônia a uma guinada à direita, semelhante à de líderes como Viktor Orbán, da Hungria. A campanha foi marcada por polêmicas.
Nawrocki enfrentou acusações sobre a compra de um apartamento, supostamente em violação da lei, enquanto Trzaskowski teve de se distanciar de anúncios eleitorais da ONG Akcja Demokracja, que o apoia. Além disso, autoridades polonesas relataram tentativas de interferência estrangeira, incluindo ciberataques e anúncios políticos no Facebook financiados do exterior, possivelmente ligados à Rússia, o que aumentou as tensões com Moscou.
A presidência polonesa é estratégica, com poderes de veto sobre legislações, comando das Forças Armadas e influência na política externa. Uma vitória de Trzaskowski fortaleceria a agenda de Tusk, incluindo reformas judiciais e maior integração com a União Europeia. Já um triunfo de Nawrocki poderia manter o impasse entre governo e presidência, dificultando a implementação de políticas.
A eleição ocorre em um momento de preocupação com a segurança, devido à guerra na Ucrânia e à possibilidade de redução do apoio dos EUA à defesa europeia sob o governo de Donald Trump. O resultado do segundo turno definirá não apenas o futuro político interno da Polônia, mas também seu papel em um contexto internacional de crescentes tensões.
A disputa entre Trzaskowski e Nawrocki reflete uma escolha entre a continuidade de uma política pró-imperialista e outra mais propensa a enfrentar a ditadura dos monopólios. A próxima semana será crucial para articulações políticas e mobilização de eleitores, com impactos que terão repercussão no resto da Europa.

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Last Update: 19/05/2025