Aproximadamente 117% mais casos de violência política foram registrados entre abril e junho em relação ao trimestre anterior, com 128 ocorrências contra lideranças políticas, incluindo 17,2% homicídios.
Os dados são do Observatório da Violência Política e Eleitoral no Brasil, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), que monitora essas ocorrências desde 2019. Até agora, foram 2.113 casos.
“Temos observado uma consistência no aumento da violência em anos eleitorais, que são anos mais violentos. E temos percebido a manutenção de um cenário de violência, sem sinais de redução”, explica o coordenador do Observatório, Miguel Carnevale.
As ameaças permanecem como a categoria mais recorrente, com 47 casos (36,7% do total). Em seguida, aparecem as agressões, com 42 ocorrências (32,8%), 22 homicídios (17,2%), 11 atentados (8,6%), três homicídios de familiares (2,3%) e três sequestros (2,3%).
O Sudeste é a região mais atingida, com 47 registros (36,7%), seguido do Nordeste com 46 (35,9%), Centro-Oeste com 13 (10,2%), e o Norte e o Sul com 11 cada (8,6% cada).
Segundo o relatório, os homicídios ocorreram em 12 estados, com o Rio de Janeiro tendo seis casos (24%). Um deles foi o assassinato de uma pré-candidata a vereadora no município de Nova Iguaçu (RJ).
Os vereadores lideram como os mais vitimados, respondendo por 51 casos (39,8%). Depois, foram verificados casos envolvendo nove funcionários de administração municipal (7%), nove prefeitos (7%) e três vice-prefeitos (2,3%).
“É importante mencionar que 37 casos (28,9%) ocorreram contra lideranças sem cargo político no momento da violência. Muitas delas são pré-candidatas a vereador ou à prefeitura nas próximas eleições”, pondera o Observatório.
O coordenador do Observatório destaca que as motivações mais comuns são a briga pelo poder, por interesses econômicos e pelo controle político. “A disputa pelo controle é a violência mais comum dos pequenos municípios”, destaca.
As motivações ideológicas também estão presentes, com 33 casos (25,8%) envolvendo pré-candidatos a prefeito, vereador ou vice-prefeito.
O estudo também segmentou os dados segundo categorias como gênero, idade e raça das vítimas. Em relação ao perfil social, 97 eram homens (75,8%) e 31 mulheres (24,2%).
As informações que compõem o perfil social e político das vítimas são obtidas no Repositório de Dados Eleitorais e na plataforma de Divulgação de Candidaturas e Contas do Tribunal Superior Eleitoral.