A renúncia de Marcel Ciolacu após derrota de Antonescu amplia a instabilidade política na Romênia e expõe o racha na coalizão governamental
O primeiro-ministro romeno, Marcel Ciolacu, renunciou ao cargo após Crin Antonescu, candidato da coalizão governista, não conseguir avançar para o segundo turno das eleições presidenciais. A decisão aprofunda a crise na aliança no poder, em meio a um cenário de instabilidade política. Ciolacu apresentou sua demissão nesta segunda-feira (5), um dia após a derrota de Antonescu no primeiro turno das eleições. O primeiro-ministro já havia renunciado em dezembro passado, após não se classificar para o segundo turno do pleito anulado, que viu o ultranacionalista Calin Georgescu surgir como vencedor surpresa.
No domingo, a ampla coalizão governamental – composta pelo PSD (centro-esquerda), PNL (liberais) e UDMR/RMDSZ (partido húngaro minoritário) – falhou em mobilizar eleitores para apoiar Antonescu. O escândalo das eleições anuladas em dezembro já havia causado forte desgaste no bloco.
Ministros do PSD decidiram deixar o governo junto com Ciolacu, acusados de não fazerem o suficiente para garantir a vitória de Antonescu. Na noite de domingo, liberais já haviam criticado o PSD por falhar em mobilizar eleitores, especialmente em áreas rurais.
Fontes da Euronews Romênia informaram que o PNL pediu a renúncia do primeiro-ministro interino em favor do presidente em exercício, Ilie Bolojan, aumentando as divisões na coalizão.
Enquanto ministros do PSD permanecerão em funções durante o período de transição de 45 dias, Bolojan deverá indicar um novo primeiro-ministro, que precisará de aprovação do parlamento romeno.
No domingo, o nacionalista George Simion venceu o primeiro turno com cerca de 40,5% dos votos. Em uma disputa acirrada, o independente Nicușor Dan, prefeito de Bucareste, garantiu o segundo lugar, eliminando Antonescu – resultado que surpreendeu a elite política do país, membro da UE e da OTAN.
Pesquisas prévias indicavam vitória de Simion no primeiro turno, mas o desempenho de Dan enviou um recado claro à coalizão no poder, que havia unido forças em torno de Antonescu.
Na segunda-feira, o PSD anunciou que não apoiará nenhum candidato no segundo turno. Já o PNL declarou apoio unânime a Dan, cuja votação ocorrerá em duas semanas.