A candidata da esquerda no Equador, Luísa González, disputará o segundo turno contra Daniel Noboa, o atual presidente que busca reeleição. Com quase 80% das urnas apuradas, os dois políticos têm uma diferença de menos de 1% de votos e repetirão a disputa travada em 2023.
Os resultados divergem da previsão inicial, que indicam vitória de Noboa no primeiro turno na votação realizada neste domingo 9. A última pesquisa de boca de urna, divulgada horas antes do início da votação, mostrava o atual presidente com pouco mais de 50% das intenções votos, contra apenas 38% da sua adversária da esquerda.
Com 74% dos votos apurados, porém, Noboa lidera com apenas 44,6%, seguido por González que está com 43,91%.
“É uma grande vitória, vencemos […] estamos quase em um empate técnico”, disse González diante de seus simpatizantes em Quito. Advogada e de esquerda, ela é apoiada pelo ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017).
Noboa, o empresário que aspirava a vitória no primeiro turno, não se pronunciou durante a noite de domingo.
O segundo turno no Equador está marcado para 13 de abril.
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão que cuida das eleições no Equador, 83,4% dos eleitores participaram da votação. A eleição deste domingo, ainda de acordo com o CNE, ocorreu sem o registro de ocorrências. O cenário é bem diferente da disputa anterior, há cerca de um ano, quando um dos candidatos na disputa, Fernando Villavicencio, foi assassinado pouco antes das urnas serem abertas.
Crise e divisão
Os equatorianos esperam que o próximo governo possa recuperar um país em crise econômica, dividido e que sofre com a guerra entre cartéis pelo controle do tráfico de cocaína.
Noboa e González são, justamente, a expressão desse país dividido entre o retorno da esquerda ao poder e a continuidade de um presidente outsider, que prega a linha dura contra o crime.
Apesar das políticas baseadas na repressão lideradas por Noboa, o país registrou, em 2024, uma taxa de 38 homicídios por 100 mil habitantes.
Especialistas consultados pela agência de notícias internacional AFP questionam os planos escassos dos candidatos para enfrentar a pior crise em meio século, com campanhas sofrendo com a desinformação nas redes sociais e o uso cada vez mais sofisticado da inteligência artificial.
Além da violência, os equatorianos sentem os efeitos de um Estado endividado, com uma taxa de pobreza de 28% e concentrado no financiamento da dispendiosa guerra contra o tráfico de drogas. A dívida pública aproxima-se de 57% do PIB, segundo o FMI.
Para o analista político Leonardo Laso, essas operações espetaculares do atual governo projetam uma imagem do país que afugenta “qualquer possibilidade de investimento” e gera “um clima adverso à criação de emprego”.
(Com informações de AFP)