A autoridade eleitoral do México confirmou que o partido de governo Morena (esquerda) e seus aliados terão ampla maioria no próximo Congresso bicameral, o que abre as portas para a aprovação das reformas constitucionais promovidas pela situação.
Na Câmara dos Deputados, a coalizão liderada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador terá 364 de 500 cadeiras, o que soma mais que os dois terços necessários para modificar a Carta Magna.
No Senado, o Morena e seus aliados terão 83 de 128 assentos, três a menos que os necessários para aprovar reformas constitucionais.
A situação pretende realizar 23 modificações na Carta Magna, incluindo a proposta para que juízes e magistrados sejam escolhidos por voto popular.
Em 2 de junho, o México realizou eleições gerais nas quais o bloco governante conquistou a presidência, com Claudia Sheinbaum, e a maioria de legisladores federais e outros cargos estaduais.
O novo Congresso bicameral assume suas funções em 1º de setembro, enquanto Sheinbaum tomará posse em 1º de outubro.
A proposta de reforma do Poder Judiciário provocou uma onda de protestos de opositores e de setores da Justiça, entre eles juízes e funcionários que declararam uma paralisação por tempo indeterminado esta semana.
Os Estados Unidos, o principal parceiro comercial do México, advertiram que a reforma põe em risco a democracia e o acordo comercial entre ambos, conhecido como T-MEC.
A representação canadense afirmou que a proposta causa “preocupação” entre seus investidores.
O Ministério das Relações Exteriores mexicano apresentou uma nota diplomática de protesto à embaixada dos Estados Unidos e estava preparando outra para a representação do Canadá.
No México, 300 deputados e 96 senadores são escolhidos por voto direto, enquanto os restantes são os denominados “plurinominais”, que são atribuídos aos partidos de acordo com os votos obtidos.
O Instituto Nacional Eleitoral (INE) definiu a distribuição dos plurinominais. Com isso, ficou definida a composição final do próximo Congresso.
Analistas e opositores criticam o fato de a situação estar “sobrerrepresentada”. Além disso, os detratores assinalam que o Morena e seus aliados obtiveram 54% da votação geral para a Câmara dos Deputados e estão recebendo 73% dos assentos plurinominais.
Os partidos podem apresentar um pedido de impugnação dessa decisão perante o Tribunal Federal Eleitoral, a máxima autoridade na matéria. As polêmicas deverão ser resolvidas no dia 28 de agosto em uma decisão à qual não caberá recurso.