Eleição gera grande expectativa, mas apenas um terço dos eleitores já tem escolha definida

A poucos dias do início oficial da campanha eleitoral, 68% da população expressam muito interesse pela disputa municipal, mas somente 36% declaram já ter feito a sua escolha. As propostas (para 41%) e a experiência administrativa (para 29%) são os fatores considerados mais importantes na hora de decidir o voto, acima do desempenho nos debates (17%) e do apoio de outros políticos (7%).

Essas são algumas das informações trazidas por pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), tendo como temática a percepção dos brasileiros sobre as eleições, principalmente para prefeito, e sobre o papel dos entes federativos.

Ainda no que diz respeito ao momento da escolha do candidato, 28% afirmam que a farão quando os candidatos estiverem definidos e começar a campanha, enquanto 29% acreditam que só decidirão na reta final, depois do último debate (20%) ou mesmo no dia da eleição (9%).

De acordo com o levantamento, isso revela “um potencial de indecisos que pode deixar algumas disputas em aberto até o último momento, a depender da conjuntura de cada município”. 

Para 79%, é muito importante (36%) ou importante (43%) a eleição para vereador. Mas, é principalmente para o chefe do Executivo que se voltam as atenções da população: 93% consideram muito importante (56%) ou importante (37%) a eleição para prefeito.

Ao mesmo tempo em que a experiência administrativa tem grande peso (29%) na escolha do candidato, há também grande receptividade ao novo: 39% preferem votar neste ano em candidatos(as) “que tenham experiência política mas que ainda não tenham sido prefeitos(as); e 24% dão preferência a nomes ‘novos na política’. Um quarto (25%) optaria por candidatos(as) ‘que já tenham sido’ prefeitos(as)”, diz a sondagem.

Com relação ao gênero, 63% dos brasileiros dizem ser indiferentes ao o sexo do candidato como fator de escolha do voto a prefeito. Além disso, seis em cada dez brasileiros (62%) consideram a religião do candidato pouco importante (14%) ou sem importância (48%) na decisão de voto para prefeito.

A pesquisa assinala ainda que as eleições municipais já fazem parte da pauta cotidiana de 63% dos brasileiros: 34% declaram que o assunto está “muito presente” nos seus ambientes de convívio social e 29% que já é um tema comentado “com relativa frequência”. Pouco mais de um terço (35%) afirma que “ainda não se fala quase nada” sobre eleição e candidatos.

A televisão (37%) e as redes sociais (30%) aparecem isoladas como os meios mais utilizados para se informar sobre as eleições. Empatados em terceiro lugar estão as conversas com amigos/parentes e portais, blogs e sites de notícias na internet (ambos com 10%). Rádio recebe 4%; WhatsApp 3%; e jornal impresso 2%. Revistas foram citadas por menos de 1%. No agregado, os meios digitais lideram com 43%. 

No que diz respeito às fake news, mais da metade da população (59%) diz ter recebido algum conteúdo deste tipo. Esse percentual é um pouco menor entre os que têm 60 anos ou mais (53%), faixa em que o uso de redes sociais é menos frequente, e fica acima do patamar de 60% entre os que têm ensino superior (67%); nos de renda acima de cinco salários mínimos (65%); e no Sul (65%).

O levantamento aponta, ainda, que 30% dos entrevistados já se sentiram prejudicados por fake news, percentual que vai a 39% entre os jovens de 18 a 24 anos.

A grande maioria, 88%, diz ser favorável à punição de candidatos que façam uso ou se beneficiem de fake news. Essa opinião é quase consenso entre os que têm nível superior (91%) e na faixa de renda acima de cinco salários mínimos (90%). Entre as punições, a mais defendida em todos os estratos é a impugnação da candidatura (52%).

Outro dado positivo sobre as notícias falsas é que 73% reiteram e afirmam ter a intenção de checar as informações que recebem nas redes sociais e WhatsApp.

No que diz respeito à percepção sobre os entes federativos e seus respectivos governos, a administração municipal aparece como a que “oferece maior acesso para a população acompanhar e fiscalizar a atuação” (49%); “permite maior participação popular nas decisões” (45%); e que “é responsável pela gestão das ações e serviços mais essenciais para a população” (38%).

De acordo com a pesquisa, “esse resultado reflete, naturalmente, a maior proximidade dos cidadãos com o município, dada a vivência direta com a prestação de serviços nos seus bairros e comunidades”.

Além disso, a pesquisa salienta que “os brasileiros percebem com clareza o papel dos governos municipais em áreas como educação, saúde e serviços públicos locais”, mas que também foi verificada “certa confusão entre responsabilidades municipais, estaduais e federais em questões mais complexas como emprego e crescimento, meio ambiente e questões climáticas”. 

Segundo a percepção dos entrevistados, temas como saúde (37%); educação (30%); empregos e crescimento (30%) e meio ambiente (24%) estão mais diretamente relacionados à administração municipal. Enquanto isso, segurança pública (40%) acaba sendo mais associada ao governo do estado. Já outros temas como custo de vida e inflação (48%), e prevenção dos efeitos de eventos climáticos (26%) aparecem como mais ligados à esfera federal.

“Majoritariamente percebida como responsabilidade das gestões municipais, a saúde pública é indicada por mais da metade da população (55%) como a área com maiores problemas e, por conseguinte, a que deveria ser prioridade para as prefeituras”, diz a pesquisa. Bem atrás, com 10% cada, estão emprego e renda e edução, seguidos de segurança pública, com 9%. 

A pesquisa foi realizada de 4 a 10 de julho pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) para a Febraban, por meio de entrevistas telefônicas com três mil entrevistados.

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