O momento mais aguardado do ano chegou: o início da campanha eleitoral municipal de 2024. A Secretaria Nacional de Mulheres do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras tem, desde 2023, trabalhado arduamente para organizar as 10.577 vereadoras, 263 prefeitas e 344 vice-prefeitas do PT que vão disputar as eleições de outubro.
Para a secretária nacional de mulheres do PT e candidata a vereadora para Manaus (AM), Anne Moura, o resultado das onze mil mulheres petistas que estão concorrendo a uma vaga nos municípios brasileiros reflete o compromisso do partido com a ampliação da bancada feminina em todo o país: “A gente tem trabalho muito, muito mesmo para organizar e entregar um projeto que fortalecesse nossas companheiras. Estamos desde o lançamento da IV edição do Elas por Elas, que aconteceu em abril do ano passado, preparando tudo para que as nossas companheiras consigam ter uma disputa qualificada, seja no amparo jurídico quanto no de comunicação, e até mesmo pessoal.”
As eleições de 2024 serão decisivas para a igualdade de gênero no poder público. É fundamental reforçar que diversas pesquisas mostram que as mulheres têm desempenho superior ao dos homens nas gestões municipais, mas seguem como minoria nas prefeituras; mais de 900 cidades não elegeram uma vereadora.
Preparo das companheiras vem desde 2023
Conforme lembrou Moura, a jornada das mulheres petistas para as eleições teve início em abril de 2023, com o lançamento da IV edição do Elas por Elas, maior projeto de formação e inclusão política para mulheres da América Latina. Já em outubro daquele ano, foi realizado o Curso de Formação para Multiplicadoras do Elas por Elas.
Segundo ela, com a criação do Elas por Elas foi possível organizar as mulheres, o que fez muita diferença nas campanhas: “Praticamente dobramos nossa bancada federal. Proporcionalmente, somos o maior número de mulheres na Câmara dos Deputados. (…) as eleições de 24 serão fundamentais porque vão preparar para as de 26. Ter prefeitas e prefeitos e vereadoras e vereadores é fundamental para fazer base no Congresso, com uma boa bancada. Eleger Lula foi fundamental, mas a extrema direita continua firme. Temos que preparar o time para fazer enfrentamento”.
Em março deste ano, ocorreu a Plenária Nacional de Mulheres, que reuniu duas mil mulheres de todo o Brasil. A atividade virtual contou com a participação da secretária nacional de Mulheres do PT, Anne Moura; da primeira-dama, Janja Silva; da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; e da secretária nacional de Finanças e Planejamento do PT, Gleide Andrade.
O encontro buscou passar orientações políticas às pré-candidatas do partido a prefeitas, vices e vereadoras, e fez parte do planejamento do Elas por Elas. Além disso, as petistas puderam ouvir da ministra informações sobre os programas e as políticas públicas que o governo Lula tem realizado com foco nas mulheres e meninas.
Aulas semanais de formação e acolhimento
Thatiane Nicácio, coordenadora de comunicação do Elas por Elas, explica como foi a atuação da IV edição do projeto, que atendeu 3.413 mulheres. Segundo ela, as então pré-candidatas tiveram acesso a aulas semanais de formação, com materiais como o calendário eleitoral, modelo de contrato, que foi revisado pelo nosso jurídico, guia de combate à violência política de gênero, por exemplo.
“Construimos esforços para que mulheres fossem atingidas de alguma maneira pelo projeto, e tínhamos nossas multiplicadoras que estavam ali no território, falando com elas, tirando dúvidas sobre o processo eleitoral, acompanhando o desenvolvimento dessa pré-candidatura até se transformar em uma candidatura. O Elas por Elas chegou a todas as mulheres que estão candidatas pelo Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras”, assegura.
A formação das companheiras durou entre maio e agosto de 2024 para as pré-candidatas, mas iniciou em outubro do ano passado com a preparação das multiplicadoras que estavam à disposição para atender às demandas das pré-candidatas, agora candidatas, pelo PT.
Violência política de gênero
“Nós tivemos 34 encontros, 16 aulas, 16 reprises, mais alguns tira-dúvidas e isso dá um total aproximado de 102 horas de aula. Tivemos aulas que passaram desde a construção do planejamento até o uso da inteligência artificial nas campanhas, mas acho que o principal diferencial desse Elas por Elas foi que nós tivemos uma oficina destinada exclusivamente para o cuidado à saúde mental, que é algo que vem se intensificando no País, as questões relacionadas à saúde mental e a gente sabe que o processo eleitoral, principalmente na quadra histórica em que estamos vivendo, é muito difícil para as mulheres”.
De fato, há uma escalada assustadora dos casos de violência política de gênero. De acordo com o Grupo de Trabalho de Prevenção e Combate à Violência Política de Gênero do Ministério Público Federal, por mês, seis mulheres são vítimas de violência política de gênero no país.
“Entendemos que é fundamental que as candidatas que estão entrando nesse processo de eleição, compreendam que é muito importante, dentro da organização da campanha, ter espaço para um autocuidado, porque a estruturação da eleição já é muito difícil, então é importante que elas se cuidem, porque nós queremos as nossas mulheres não só eleitas, mas eleitas e bem mentalmente e seguras”.
Por fim, a coordenadora do EpE afirma que o projeto segue à disposição de todas as mulheres no período eleitoral através das multiplicadoras estaduais e da equipe nacional, e que o projeto é fundamental para que o PT possa ampliar a participação de mulheres na política: “É literalmente aquilo que o presidente Lula falou em seu discurso de posse. Ele entende a importância das mulheres no processo da sua eleição. As mulheres tiveram um papel significativo para reconduzir o presidente Lula à presidência da República. Ele compreende isso e é por isso, inclusive, que o Ministério das Mulheres hoje existe com a força que tem, com a companheira Cida à frente”.
“Mas a gente entende que só conseguiremos avançar e ter efetivamente o projeto político implementado, com mais mulheres nos espaços de poder, com paridade real, quando as nossas companheiras estiverem ocupando esses espaços”.
Elas por Elas – DNA para ocupação da mulher petista na política
Nas eleições municipais de 2020, o PT foi a sigla que mais elegeu mulheres, mulheres negras e jovens, com um aumento de 25% da representatividade feminina em relação a 2016. O resultado evidencia que o partido lidera ranking de mulheres eleitas, negras e jovens no campo progressista.
O resultado é fruto do Elas por Elas, projeto iniciado em 2018, e que tem ampliado a presença das mulheres na política. Capitaneado pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT, a iniciativa é uma tecnologia de inovação na política partidária que objetiva oferecer condições, instrumentos e conhecimento que possibilitem condições políticas e materiais para a consolidação de lideranças de mulheres nas disputas políticas Brasil afora, bem como fortalecer e dar visibilidade para as lideranças femininas já consolidadas.
Por meio dele, foi criada uma rede de influência de mulheres por todo país, da qual as que já têm trajetória consolidada têm papel de pontos fundamentais de intersecção. Estarão integradas a essa rede mulheres militantes e filiadas ao Partido, bem como atuantes em movimentos sociais, feministas, de mulheres e do campo da esquerda.
Sobre isso, Thatiane Nicácio reafirma que o Elas por Elas nasceu do desejo da transformação do cenário político na sociedade, e que o projeto tem o olhar atento das mulheres, e que esse é o principal diferencial: ele é construído exclusivamente por mulheres e para mulheres.
“Tudo que é pensado, formulado, e construído se dá em cima das necessidades que são apresentadas cotidianamente pelas nossas companheiras. Sob a liderança da Anne, nós tentamos absorver isso e estruturar o projeto a partir dessas demandas que elas apresentam para a gente eleição após eleição, e é por isso que é um projeto que está em constante modificação e é tão importante a sua permanência, a sua existência no Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que hoje mantém a maior bancada feminina do Congresso Nacional, inclusive com o dobro de eleitas de 2018”.
Marina Marcondes, da redação Elas por Elas