Da Página do MST
Hoje, tivemos o prazer de ver uma jovem de origem camponesa alcançar a final olímpica. Apesar de estar lesionada, Luana tentou participar da prova final até o último momento, demonstrando garra e determinação, tanto como atleta quanto como pessoa.
Luana é filha de assentados na comunidade Pontal do Tigre, um dos 10 assentamentos conquistados com muita luta por milhares de famílias Sem Terra, durante décadas. Foi nesse contexto rural que a jovem deu seus primeiros passos.
A vara de pescar e os sacos de milho com a palha de arroz foram seus primeiros equipamentos caseiros, inventados pela criatividade do pai, Seu Israel.
Foi uma criança Sem Terrinha. Estudou no Colégio Estadual do Campo do Centrão, junto com todas as crianças das comunidades do MST da região noroeste do Paraná. Lá teve muito incentivo de professoras/es e amigas/os.
Na juventude, passou alguns meses morando na Escola Milton Santos de Agroecologia, o centro de formação do MST localizado em Maringá, cidade na qual pôde ter acesso à estrutura adequada para treinar atletismo.
São mais de 20 anos de dedicação e esforço, para chegar a ser uma das finalistas da competição mundial mais importante para essa categoria esportiva. Neste momento único, Luana precisou ser ainda mais forte e passar pela dor da partida do seu pai e grande incentivador, Seu Israel, no último dia 29.
A trajetória de Luana é espelho da luta de tantas brasileiras e brasileiros camponeses, por terra para viver, por respeito, por oportunidades e por vida digna. Por isso, a vitória é celebrada por nós, pelas mulheres, pelas pessoas negras, e por toda a classe trabalhadora que se vê representada nesta história tão valiosa. É tão valiosa, que para nós, é ouro.
Luana, obrigada pelo exemplo e pela inspiração que você é e ainda será para milhares de crianças e adolescentes Sem Terrinha, e para toda a sociedade brasileira. Você é nosso orgulho!
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Paraná