Os consumidores da classe D e E no Brasil, com renda de até R$ 3,2 mil mensais, voltaram a comprar itens supérfluos, como pacotes de salgadinho, doces, chocolates, iogurtes e bebidas.
De acordo com a pesquisa da Kantar/Worldpanel Division, os brasileiros, em geral, estão comprando cerca de 7,8% mais itens a cada ida ao supermercado nos 12 meses terminados em março, em comparação com o mesmo período anterior.
Esse movimento é impulsionado por um cenário econômico favorável: inflação reduzida, desemprego no menor patamar em dez anos (7,9% em março) e ganho de renda da população devido a ajustes no salário mínimo e benefícios assistenciais.
Ainda segundo a pesquisa, três categorias se destacam: mercearia doce (9,3%), bebidas (9,4) e bazar e medicamentos de venda livre (9,9%).
“Toda vez que a renda avança, o primeiro gasto a crescer é com alimentação: carnes vermelhas, iogurtes, frango. Cresce uma tendência de indulgência e consumo mais individual e prático, com algo pós-jantar, caso do chocolate, ou até em substituição a essa refeição, como ocorre com o salgadinho de pacote”, explicou Raquel Ferreira, diretora comercial da Kantar.
O número médio de categorias no carrinho do consumidor brasileiro é de 59 e se mantém estável. Na classe DE, no entanto, observou-se um aumento nos últimos dois anos, passando de 55 para 57 categorias.
Outro fator é o aumento do consumo de refeições fora de casa, impulsionado pelo maior número de pessoas inseridas no mercado de trabalho. Como resultado, as compras de alimentos se tornam menos frequentes, porém em volumes maiores, privilegiando itens que oferecem praticidade, sabor e prazer.
O consumo de carne bovina dentro dos lares brasileiros cresceu 4,2% no semestre até março, em comparação com o mesmo período do ano anterior, alcançando também a classe DE.
Além disso, o iogurte, um dos símbolos do ganho de renda dessa população após o Plano Real, está de volta às compras, impulsionado pelo fenômeno do “raio gourmetizador”. Houve um aumento de 3% no volume de vendas nos 12 meses até março.
Na classe DE, o consumo de iogurtes em embalagens individuais, como o “grego” e os proteicos, está em alta, indicando uma preferência por produtos de maior valor agregado. No primeiro trimestre deste ano, 230 mil lares passaram a consumir iogurte “grego” em comparação com o mesmo período de 2023, sendo que o litro desse produto é 15% mais caro que o tradicional de bandeja.