Moeda de Real sobre nota de Dólar. Foto: reprodução

O Ibovespa abriu em forte alta na manhã desta quinta-feira (3), ultrapassando os 140 mil pontos e ensaiando bater um novo recorde histórico. Por volta das 11h30, o índice subia 1,2%, aos 140.792 pontos, enquanto o dólar recuava 0,26%, sendo negociado a R$ 5,407. A maior pontuação de fechamento do Ibovespa até agora é de 140.110 pontos, registrada em 20 de maio, uma marca nominal, sem correção pela inflação.

O avanço do Ibovespa acompanha a onda positiva das bolsas internacionais, impulsionadas pelos dados robustos do mercado de trabalho dos Estados Unidos: o país criou 147 mil vagas em abril, superando a expectativa de 110 mil, segundo o Departamento de Trabalho. Esse quadro fortalece o humor global nos mercados.

Paralelamente, o dólar operava em queda, refletindo um fenômeno global. Nos primeiros seis meses de 2025, a moeda acumula retração de mais de 10 %, sendo o pior primeiro semestre desde 1973.

Diversos fatores explicam esse movimento: políticas protecionistas nos EUA, pressão sobre a Reserva Federal, déficits crescentes e incertezas fiscais têm corroído a confiança no dólar.

No Brasil, o recuo do dólar chega a cerca de 12 % em 2025, o que explica a cotação próxima de R$ 5,40 – o menor nível desde setembro de 2024. Entre os elementos que ajudam a sustentar essa tendência estão:

Domésticos: a forte taxa básica de juros (Selic em 14,75 %), dados de inflação mais baixos (IPCA‑15 de 0,26 % em junho), e a derrubada do aumento do IOF, atraem capital estrangeiro, valorizando o real.
Externos: a visão mais pessimista em relação à economia estadunidense pressiona o dólar globalmente, ao mesmo tempo em que investidores buscam diversificar reservas em moedas alternativas, reforçando a desdolarização.

Parte da visão pessimista economia dos Estados Unidos se explica pela aprovação do “One Big Beautiful Bill” (Grande e Belo Projeto, em tradução livre), nesta quinta. O megapacote proposto por Donald Trump prevê cortes de impostos estimados em US$ 4 trilhões, mantendo muitas das reduções tributárias implementadas por Trump em 2017.

Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

Economistas alertam, porém, que o recuo do dólar não garante tranquilidade cambial. A agenda fiscal do Brasil segue sob pressão — o déficit persistente e a balança comercial demandante limitam ganhos externos . Internamente, apesar dos dados favoráveis, qualquer sinal de desaceleração na Selic ou deterioração fiscal pode reverter a tendência.

Já nos Estados Unidos, continuam sob efeito do debate sobre a independência da Fed. Há especulações sobre mudanças na presidência do banco central e possibilidade de rebaixamentos de juros, o que poderia reduzir ainda mais o rendimento do dólar, pressionando sua cotação.

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Last Update: 03/07/2025