Eduardo Bolsonaro: traindo o Brasil na cara dura, por Fernando Castilho

Se patriotismo fosse medido por gritos histéricos e camisetas mal ajambradas, Eduardo Bolsonaro seria o herói nacional. Mas, na prática, o “patriota de ocasião” está ocupado conspirando contra seu próprio país—não nos bastidores da política nacional, como fazem seus pares, mas diretamente nos Estados Unidos, implorando para que autoridades estrangeiras intervenham no Brasil.

O deputado, famoso por falar grosso dentro de bolhas virtuais e falar fino diante de líderes estrangeiros, está tentando convencer o governo dos EUA a impor sanções ao Brasil. A justificativa? Um suposto abuso do Judiciário brasileiro. Mas todos sabemos o que está acontecendo aqui: uma tentativa desesperada de salvar seu pai da cadeia e proteger a própria pele.

E pensar que esse é o mesmo sujeito que desfila orgulhoso por aí com camisetas estampadas com a foto do torturador Brilhante Ustra—mas que agora quer ser paladino dos direitos humanos nos Estados Unidos. A hipocrisia atingiu níveis nunca vistos.

Dudu Bananinha vem se reunindo com autoridades americanas para persuadi-las a sancionar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Sim, um parlamentar brasileiro está pedindo que outro país puna sua própria Justiça. Patriotismo? Nunca nem viu.

Curiosamente, este é o mesmo indivíduo que passou anos gritando contra o “globalismo” e defendendo que o Brasil deveria ser soberano e independente. Mas quando a democracia começou a expor os crimes de sua família, ele correu para Washington, como quem foge de boletos atrasados.

Se há um exemplo cristalino de traição nacional, aqui está ele.

Caso Eduardo Bolsonaro consiga seu intento, o Brasil enfrentará impactos reais e graves:

  • Sanções econômicas, dificultando investimentos no país e empobrecendo os brasileiros.
  • Perda de credibilidade internacional, transformando o Brasil em um caso perdido para parcerias globais.
  • Caos político, aprofundando divisões e instabilidades institucionais.

Mas claro, nada disso importa para quem só está preocupado com sua própria sobrevivência. Enquanto o país sofre, Eduardo tenta transformar nossa soberania em moeda de troca para proteger interesses familiares.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF que investigue Eduardo Bolsonaro por suas ações nos EUA, e Alexandre de Moraes prontamente aceitou.

Agora vem a cereja do bolo: há um pedido de prisão preventiva contra Eduardo Bolsonaro, por parte do deputado Lindberg Faria sob acusação de obstrução das investigações sobre a tentativa de golpe. Ou seja, um problema sério se desenha no horizonte do nosso exilado voluntário:

  • Se Eduardo Bolsonaro voltar ao Brasil, pode ser preso.
  • Se permanecer nos EUA, pode perder o mandato por ausência prolongada.

Conclusão? Ele está em um beco sem saída digno de novela dramática. Se correr, o STF pega. Se ficar, perde o mandato. Um roteiro perfeito para um político que pensou que poderia flertar com o autoritarismo sem consequências.

Como se tudo isso já não fosse suficiente, seu Jair decidiu iniciar uma campanha pública para arrecadar dinheiro via PIX, supostamente para manter Eduardo nos EUA. Justamente ele, que recebeu 17 milhões em PIX — que muita gente afirma ser lavagem de dinheiro.

Isso mesmo: enquanto o clã Bolsonaro brada contra o Estado, eles passam o chapéu para os seguidores financiarem seu estilo de vida no exterior.

Ah, e antes que digam que Eduardo está “passando dificuldades”, basta olhar as fotos da mansão no Texas onde ele se refugiou. Pobre, mas só de alma.

Além disso, há um detalhe importante: remessas financeiras feitas via PIX para esse tipo de finalidade podem ser consideradas irregulares, dependendo do volume e do destino do dinheiro. Se houver indícios de evasão fiscal ou uso para fins ilícitos, essa história pode acabar sendo mais um escândalo jurídico para a família Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro está fazendo de tudo para garantir a sobrevivência política de seu pai, nem que para isso tenha que trair seu próprio país. Ao conspirar com autoridades americanas para sancionar instituições brasileiras, ele se torna o maior exemplo de oportunismo e hipocrisia que a política nacional já viu.

Paulo Gonet. Alexandre de Moraes e os demais ministros do STF não se submeterão à chantagem e interferência de outro país na aplicação de nossas leis. Devem deixar as questões relativas a isso por conta da diplomacia do estado brasileiro.

O Brasil merece líderes que defendam nossa soberania e democracia—não políticos desesperados que buscam apoio estrangeiro para escapar das consequências de seus atos.

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

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Last Update: 27/05/2025