O candidato derrotado Edmundo González Urrutia, frequentemente apresentado como “democrata” e diplomata, tem um passado pouco conhecido, mas de préstimos valiosos à ditadura imperialista sobre a América Latina, que começou a ser desenterrado após a publicação do artigo “O rosto oculto de Edmundo González” (Opera Mundi, 30/7/2024), escrito Nidia Díaz, salvadorenha e militante do partido Frente Farabundo Martí para la Liberación Nacional (FMLN).
No artigo, Díaz destaca a participação decisiva de González nos crimes da ditadura militar de El Salvador. “Não podemos esquecer o papel nefasto que Edmundo González Urrutia (candidato à presidência da Venezuela pela extrema direita) desempenhou em El Salvador quando era o número dois na Embaixada da Venezuela, junto com o embaixador Leopoldo Castillo conhecido como ‘El Mata Curas'”, destaca Díaz. Ela própria foi presa política pela ditadura com a qual González colaborou.
“A missão do embaixador Castillo e Edmundo González era serem agentes da morte. Nos documentos da CIA tornados públicos, em fevereiro de 2009, Castillo foi mencionado como corresponsável pelos serviços de inteligência que coordenaram, financiaram e deram a ordem para a execução da Operação Centauro”, afirma.
Além da participação ativa na repressão à esquerda na América Latina, González é também um destacado organizador da propaganda contrarrevolucionária, na Venezuela e no continente americano. Conforme a matéria “Perfil: Edmundo González Urrutia, candidato de la MUD” (El Universal, 26/3/2024), o candidato derrotado é também “membro do Conselho Editorial Internacional do jornal El Nacional”.
O jornal em questão, El Nacional, em seu editorial de 10 de abril de 2002 (um dia antes do fracassado golpe de Estado contra o então presidente Hugo Chávez), descreveu o mandatário venezuelano como “um mentiroso contumaz”, fazendo a seguinte convocação: “hoje temos de sair à rua para mostrar a este patife no poder que nós, venezuelanos, somos pessoas decentes e dignas”. No editorial do dia 11, o jornal reagiu positivamente à crise política que antecedeu a tomada do poder derrotada pela mobilização popular, afirmando que “esta batalha está chegando ao fim”.
Como membro do conselho editorial do jornal golpista El Nacional, González está profundamente envolvido na máquina de propaganda que há décadas atua contra a revolução bolivariana na Venezuela e as forças progressistas na América Latina. Embora sem circulação impressa desde 2018, El Nacional (que já foi o jornal de maior circulação na Venezuela, hoje limitado à versão digital) segue sendo o mais influente da direita no país vizinho, sendo parte do infame Grupo de Diarios América (GDA), um consórcio de jornais pró-imperialistas que atuam coordenadamente para desestabilizar governos legítimos e fomentar golpes de Estado em toda a América Latina.
Esse grupo opera como uma rede de comunicação dedicada a facilitar a política do imperialismo nos países da América Latina. Uma verdadeira central da propaganda contrarrevolucionária, para destruir movimentos que se oponham à ditadura dos monopólios contra os povos oprimidos da região, e com isso, perpetuar a submissão aos países desenvolvidos, em especial os EUA.
A influência perniciosa de Edmundo González e de El Nacional é amplificada pela sua ligação com a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), uma entidade que congrega órgãos de imprensa de direita em todo o continente. A entidade foi denunciada em 2005 pelo então presidente argentino, Néstor Kirchner, que, lembrou: “[a SIP] está relacionada com o Dr. (Claudio) Escribano, que se preocupou muito com a liberdade de imprensa durante a ditadura militar na Argentina”.
A SIP organiza a promoção da política neoliberal e imperialista, favorecendo os interesses dos grandes monopólios e do capital estrangeiro em detrimento dos povos da América Latina. É uma entidade notória por atacar governos progressistas.
Edmundo González, com suas conexões com essas organizações, é um instrumento direto da política dos monopólios. Seu passado sob ordens da CIA e seu papel atual na máquina de propaganda demonstram claramente seu papel na campanha norte-americana repressão contra a América Latina.
É crucial que as organizações de esquerda rejeitem a pressão dos EUA por González e apoiem Maduro na polarização aberta no país vizinho. A luta contra o imperialismo exige uma posição firme de defesa da Venezuela, nesse momento em que o país é assediado pela principal potência imperialista do mundo, que tem no candidato derrotado, seu representante para infligir uma dura derrota à esquerda latino-americana, o que deve ser respondido com uma mobilização de todas as forças que se opõem à opressão estrangeira em defesa de Maduro, do chavismo e pela soberania da Venezuela.