A Record TV orientou sua equipe de jornalismo a reduzir a cobertura sobre a morte do Papa Francisco, confirmada pelo Vaticano após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e um quadro de insuficiência cardíaca irreversível. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 22, pela coluna Veja Gente.

Segundo a publicação, uma das razões para a decisão editorial da emissora estaria relacionada à circulação, em grupos de extrema-direita no Brasil, da percepção de que o líder da Igreja Católica era identificado como um “papa de esquerda”.

A Record TV pertence a Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). A emissora declarou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que atualmente é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado.

A postura editorial adotada pela Record ocorre no contexto das repercussões internacionais sobre a morte do pontífice, que ocupava o posto de chefe da Igreja Católica desde 2013. Durante seu papado, Francisco abordou temas sociais e defendeu políticas voltadas à redução das desigualdades.

O papa manifestou apoio a grupos em situação de vulnerabilidade, como refugiados e comunidades LGBTQ+, além de ter defendido uma maior participação das mulheres nas estruturas da Igreja.

Apesar da relevância global do cargo exercido por Francisco, a linha editorial da emissora teria optado por não destacar amplamente o falecimento do pontífice em suas coberturas jornalísticas. A decisão contrasta com a abordagem de outros veículos de comunicação no Brasil e no exterior, que dedicaram espaço significativo ao tema.

De acordo com a Veja Gente, a cobertura reduzida reflete uma escolha deliberada diante das críticas ao papa em determinados segmentos políticos e religiosos brasileiros. Grupos ligados à extrema-direita têm apontado as posições de Francisco em temas sociais como motivo de divergência com setores mais conservadores.

O papa argentino conduziu debates dentro da Igreja sobre questões como justiça social, acolhimento a imigrantes e combate à pobreza. Entre os pronunciamentos mais comentados de seu pontificado estão declarações em defesa de políticas de inclusão e críticas a sistemas econômicos considerados excludentes. Francisco também ressaltou em diferentes ocasiões a necessidade de enfrentamento das mudanças climáticas e a responsabilidade ambiental da comunidade internacional.

No cenário brasileiro, suas declarações sobre desigualdade social e direitos humanos foram objeto de críticas por parte de setores políticos alinhados ao conservadorismo. Essa percepção ganhou espaço entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que frequentemente se opuseram às pautas defendidas pelo pontífice.

A Record TV mantém, desde o período eleitoral, uma linha editorial favorável a Bolsonaro. A emissora acompanhou de perto o governo do ex-presidente, cuja relação com o Vaticano foi marcada por divergências ideológicas, especialmente em temas relacionados a políticas sociais, ambientais e de direitos humanos.

A orientação de reduzir a visibilidade da morte do papa ocorre em meio a discussões sobre liberdade editorial e alinhamento político de veículos de comunicação no Brasil. O episódio levanta questionamentos sobre o impacto de posicionamentos políticos na seleção e no tratamento de notícias em emissoras com grande alcance nacional.

O Vaticano anunciou que o Papa Francisco sofreu um AVC e, em decorrência do episódio, apresentou insuficiência cardíaca irreversível, o que resultou em seu falecimento. Desde a confirmação da morte, líderes mundiais têm publicado notas de pesar e reconhecimento pelo papel desempenhado pelo papa no cenário internacional.

Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, foi o primeiro pontífice da América Latina e também o primeiro jesuíta a assumir a liderança da Igreja Católica. Durante seu pontificado, propôs reformas na administração da Santa Sé e buscou aproximação com diversas correntes religiosas e culturais.

A morte do papa marca o encerramento de um período de mais de uma década à frente da Igreja, caracterizado por tentativas de modernização interna e de abertura para o diálogo com diferentes setores da sociedade. Sua atuação foi marcada por visitas a regiões em conflito, encontros com chefes de Estado e discursos em organismos multilaterais.

O posicionamento editorial da Record em relação ao tema ocorre em um ambiente de polarização política no Brasil, onde veículos de comunicação têm sido alvo de debates sobre independência jornalística e influência de interesses institucionais e partidários.

Até o momento, a emissora não se manifestou oficialmente sobre os critérios adotados para a cobertura da morte do papa nem comentou as informações publicadas pela Veja Gente.

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Last Update: 23/04/2025