Ao Café PT desta quarta (6), presidente do PT apontou caráter fascista da atuação norte-americana e defendeu uma agenda de unidade partidária para apoiar o governo Lula e enfrentar a extrema direita

Em entrevista ao Café PT nesta quarta-feira (6), Edinho Silva analisou os desafios do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT) após o maior Processo de Eleições Diretas (PED 2025) da história. Com 547 mil filiados votantes, o presidente do partido defende a unidade interna, a ampliação do diálogo com a sociedade e o fortalecimento do governo Lula para enfrentar a extrema direita e avançar na democratização da renda. Ele tratou ainda do embate diplomático pela soberania nacional frente à ofensiva de Donald Trump, que se move “pelo pensamento fascista”.

Edinho Silva destacou a dimensão histórica do PED 2025, que registrou a maior participação de militantes desde a criação do partido.

“Foi de fato o PED com o maior número de participantes da história do PT, 547.000 militantes, filiados que compareceram nesse processo, dando uma legitimidade muito grande aos novos dirigentes, às novas instâncias que se formam a partir de agora, para que a gente tenha força, tenha capacidade organizativa para enfrentar um momento tão difícil da nossa história”, afirmou.

O presidente do PT ressaltou que a etapa final do PED ocorreu durante o 17º Encontro Nacional do PT, realizado em Brasília, marcado pela pluralidade e pela presença de lideranças do Brasil e do exterior.

Para ele, esse evento foi emblemático por reunir delegações internacionais, partidos aliados, ministros, governadores, parlamentares e movimentos sociais. “E teve um momento emblemático, que foi a presença do presidente Lula, que fez uma fala histórica nos dando as diretrizes da construção partidária e da atuação do PT no próximo período”, enfatizou.

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Diretrizes de Lula e prioridades até 2026

Ao falar sobre sua posse e a mensagem transmitida por Lula, o presidente do PT ressaltou a importância da orientação do atual chefe do Executivo para guiar a estratégia do partido.

“O momento mais importante do nosso encontro nacional foi a presença do presidente Lula. Foi a fala do presidente Lula, quando ele nos dá as diretrizes do que ele pensa. Isso é fundamental para a construção do PT no próximo período. Ele nos deu uma agenda de atuação política para o partido, quando ele enfoca aquilo que o governo Lula já fez, aquilo que fará e as posições políticas no enfrentamento à agressão diplomática do governo Trump”, declarou.

Entre as prioridades definidas pelo partido, Edinho Silva reforçou que a luta pela democratização da renda será central.

“O maior desafio será o debate da democratização da renda, da reforma da renda no Brasil, no combate aos privilégios e na construção de um país que desonere os trabalhadores. Como o presidente Lula mandou para o Congresso Nacional, é um projeto de lei isentando quem ganha até R$ 5.000 do pagamento de Imposto de Renda, desonerando quem ganha até R$ 7.000, e tributando aqueles que devem pagar”, explicou.

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Ele também criticou a manutenção de desonerações que favorecem setores privilegiados e geram renúncia fiscal bilionária.

“Não tem sentido o Brasil manter desonerações que provocam uma renúncia fiscal de R$ 860 bilhões. Nós não podemos conviver com privilégios, com supersalários pagos com dinheiro público, quando a grande massa de trabalhadoras e trabalhadores ganha R$ 2.000, R$ 2.500, R$ 3.000”, completou.

“O PED acabou. É hora de nós encontrarmos aquilo que nos une. Não adianta alimentarmos disputas que já fazem parte do passado. Eu quero ser o presidente do PT de todas as correntes. Fui apoiado por grupos internos, mas agora vou governar para todas as tendências. O espírito de unidade tem que prevalecer”, defendeu.

Para ele, o verdadeiro enfrentamento ocorre fora do partido, contra forças que ameaçam a soberania e a democracia brasileiras.

Enfrentamento à extrema direita e defesa da democracia

Questionado sobre as estratégias para lidar com a extrema direita, o presidente do PT afirmou que a única forma de vencer esse campo político é ampliando o diálogo com a população.

“Dialogamos com a sociedade. Não há outra forma de fazermos maioria. Precisamos defender a soberania nacional e não podemos aceitar com naturalidade o governo Trump, que hoje se move pelo pensamento fascista”, alertou.

Ele citou práticas do presidente norte-americano como exemplos de violação de direitos humanos.

“O Trump está rasgando a Declaração Universal dos Direitos Humanos quando deporta imigrante algemado, quando transforma El Salvador num novo campo de concentração. Ele obrigou a prefeita de Washington a apagar a frase Vidas Pretas Importam, reforçando uma concepção racista. Nós não podemos normalizar aquilo que não pode ser normalizado”, afirmou.

Na avaliação do presidente do PT, as recentes tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos contra produtos brasileiros representam “a maior violência diplomática da história brasileira”. Para Edinho Silva, essa ofensiva tem motivações políticas e econômicas claras.

“O Trump está semeando a Terceira Guerra Mundial. Ela não será bélica, mas será tão destrutiva quanto, porque é uma guerra econômica. Infelizmente, teremos destruição de setores econômicos, desemprego, aumento da pobreza e da fome”, disse.

Ele citou como razões da pressão norte-americana a aproximação do Brasil com os BRICS, o avanço do sistema de pagamentos PIX e a disputa pelo controle das reservas de terras raras.

“Os EUA não aceitam que o Brasil dialogue com outros países nos BRICS; não aceitam o PIX, que é gratuito e mexe com as empresas de cartão de crédito; e querem acesso às nossas reservas de terras raras, que representam 25% do total mundial”, explicou.

Para ele, essas riquezas, assim como a reserva de petróleo da costa equatorial, devem ser preservadas para as futuras gerações.

“Não podemos ceder as pressões e entregar nossas reservas de terras raras aos interesses americanos. Se quiser negociar, que dialoguem com um país soberano”, reforçou.

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PT engajado para apoiar o governo Lula

Ao encerrar a  entrevista, o presidente do PT destacou que a defesa do governo Lula será prioridade absoluta para o partido.

“O governo do presidente Lula é o maior patrimônio do Partido dos Trabalhadores. Nós temos que fazer a defesa desse patrimônio com muita força e determinação. Não há outra forma: temos que conversar com a sociedade, explicar o que está em disputa e apoiar integralmente o governo”, concluiu.

Da Redação da Agência PT

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Last Update: 06/08/2025