A cobertura especial do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro teve a participação, nesta quarta-feira (3), do secretário nacional de Comunicação do Partido dos Trabalhadores (PT), Éden Valadares. Em entrevista à TvPT, ele manifestou a posição da legenda a respeito da tentativa de golpe de Estado, da anistia pretendida pelo Congresso e do radicalismo do clã Bolsonaro.
Segundo o secretário, o julgamento que começou esta semana no Supremo Tribunal Federal (STF) servirá para fortalecer a democracia brasileira. Éden argumentou que as Forças Armadas (FAs), detentoras do monopólio do uso da força, não devem se misturar à política, nem investirem contra as instituições civis.
“Os militares têm um papel constitucional absolutamente diferente, devem cumprir esse papel. E a partir desse julgamento, desse inédito julgamento, histórico julgamento, é a primeira vez que a gente leva ao banco dos réus o ex-presidente da República, dirigentes do Estado brasileiro, que articularam um golpe militar, a gente consolide ainda mais a nossa democracia, a nossa Constituição”, defendeu.
Sem anistia aos golpistas
Sobre a anistia almejada pelos golpistas, Éden disse que o Brasil tem a oportunidade agora de não repetir os erros do passado e agir para preservar o Estado Democrático de Direito. “Houve tentativas de golpe reiteradas durante o século 20 no Brasil e o resultado final dessas tentativas de golpe, tendo sucesso ou não, foi sempre a anistia, foi sempre o perdão prévio, foi sempre o ‘passar pano’ sobre quem articulou contra a democracia”, observou.
“Foi assim na década de 1950, foi assim na década de 1960, foi assim com a abertura da anistia ampla, geral e irrestrita, na redemocratização. É difícil comparar esses momentos, mas também foi um processo de anistia. E penso que chegou a hora de dizer ‘basta’”, avaliou o secretário, em seguida.
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Éden fez questão de distinguir o processo de Bolsonaro daquele a que o presidente Lula foi submetido pela Lava Jato, com o apoio da imprensa comercial. Diferentemente do capitão da extrema direita, lembrou, o petista não gozou da presunção de inocência ante a parcialidade dos inquisidores. Tampouco pediu anistia.
“O presidente Lula foi vítima desse tipo de perseguição em que não foi lhe dado o direito ao contraditório, em que não foi assegurado o direito de resposta, o direito de defesa. O presidente Lula ficou 580 dias preso em Curitiba naquilo que era, não tenho dúvida de dizer, a maior farsa política e a maior fraude jurídica da história do Brasil”, resumiu.
“A Operação Lava Jato, em especial a perseguição à presidenta Dilma, ao presidente Lula e ao PT, vou repetir, é a maior farsa política e a maior fraude jurídica da história do país”, completou Éden, antes de lembrar que os autos do processo de Bolsonaro estão recheados de evidências.
Ainda de acordo com o secretário, “quem advoga em favor da anistia está advogando contra a Constituição Federal”. “Essa lei criada sobre a tentativa de golpe, e estabelecer como crime quem atenta contra o Estado Democrático de Direito, é uma vacina que valida a atual Constituição e a democracia como nosso sistema de organização política e social no Brasil”, apontou.
“Danoso aos direitos humanos”
O secretário de Comunicação do PT também classificou Bolsonaro de “previsível”, por sempre ter sido um deputado autoritário no baixo clero da Câmara.
“Ele nunca escondeu o seu apreço pela tortura. Ele nunca escondeu o seu apreço pela Ditadura Militar. Ele nunca escondeu a sua inspiração no que há de mais danoso aos direitos humanos, de desrespeito aos direitos humanos, aos direitos das mulheres”, enumerou.
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“É farta a documentação, em vídeo, inclusive, em audiovisual, sobre o seu desprezo pelas mulheres, pela comunidade LGBTQIA+, pelos negros e negras desse país. Um cara que fez piada com a comunidade quilombola, um cara que fez piada com paciente passando mal, sem conseguir respirar durante a própria pandemia”, lamentou Éden.
Da Redação