As políticas econômicas de Donald Trump são alvo de uma crítica contundente do economista político britânico Richard J. Murphy, que também é contabilista profissional e professor de Economia Política Internacional na City, University of London. Murphy descreve a gestão econômica de Trump como um “desastre total e absoluto”, afirmando que ele está “destruindo a economia americana o mais rápido possível”.
Um dos primeiros pontos de preocupação levantados por Murphy é a drástica desaceleração na criação de empregos nos Estados Unidos. Ele aponta que apenas 20 mil empregos foram criados em um mês recente, uma cifra “incrivelmente pequena” comparada à média mensal de 250 mil empregos que os EUA normalmente adicionam. Essa queda é considerada “muito real” e diretamente atribuída às ações da administração Trump, não a fatores externos ou à gestão anterior.
Outro impacto grave é a deterioração do investimento estrangeiro. O economista cita o caso da Hyundai, que planejava construir uma fábrica nos EUA para contornar as tarifas de Trump. No entanto, a prisão de aproximadamente 450 cidadãos coreanos por agentes alfandegários — indivíduos que estavam no país para implementar a tecnologia da fábrica — demonstrou como “destruir o investimento”. Descontentes com o tratamento recebido, os sul-coreanos não devem retornar para estabelecer mais fábricas, inibindo futuros investimentos vitais para a economia americana.
As tarifas impostas por Trump também provocaram uma onda de retaliação internacional, especialmente da China. Isso resultou em um “bloqueio simples” das compras de produtos agrícolas americanos, afetando diretamente os agricultores do Centro-Oeste. Essa região é uma base eleitoral crucial para Trump e para o movimento MAGA. A China, maior mercado para a soja americana, cessou os pedidos, impactando cerca de 900 mil fazendeiros. Murphy considera essa perda “catastrófica para a economia do Centro-Oeste americano”, pois a falta de gastos desses agricultores, principal fonte de dinheiro para as economias locais, gera uma significativa “falta de poder de compra” na região. Os fazendeiros já estão “começando a gritar e reclamar”.
Em resumo, Richard J. Murphy afirma que Trump enfrenta múltiplos “desastres”: uma economia em desaceleração, conflitos com o Federal Reserve, aumento das taxas de juros, problemas no investimento estrangeiro e uma crise nas exportações. A única explicação para a confluência de todos esses problemas, segundo ele, é a “falha de Donald Trump em compreender o que está acontecendo dentro da economia” do país. Trump não está “tornando a América grande novamente”; está, de fato, “destruindo a economia americana”.
Os EUA, de acordo com Murphy, pagarão um “preço enorme” pelas ações de Trump. Consumidores enfrentarão preços mais altos devido às tarifas, e o país se verá em um crescente “isolamento” econômico. A crítica de Murphy se estende à política de extrema-direita em geral, que ele descreve como um “desastre absoluto” por não oferecer soluções para problemas conhecidos. A ideia de que um país pode prosperar em “glorioso isolamento econômico” é considerada “absurda” em um mundo moderno e interdependente. Além disso, a estratégia de conceder cortes de impostos aos ricos enquanto aumenta, na prática, os impostos indiretos para a maioria por meio de tarifas, reduz o poder de compra, efeito que será “muito óbvio” no Centro-Oeste americano.
Richard J. Murphy finaliza sua análise com um alerta para o Reino Unido, onde políticas semelhantes poderiam ser replicadas. Ele enfatiza que a lição é “clara e forte”: Trump é um “desastre absoluto”. Longe de “tornar a América grande novamente”, as políticas do ex-presidente estão, na verdade, “desmantelando a economia” e comprometendo a posição global dos EUA. Sua visão é a de que a inação e a incompreensão de Trump terão consequências duradouras, fazendo com que a América pague um “preço enorme”.