Economist diz que funk brasileiro “está prestes a explodir globalmente”

Anitta: a cantora é apontada como a principal representante da música brasileira no cenário global – Foto: Reprodução

O Brasil ganhou destaque internacional após o filme “Ainda Estou Aqui” vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional no último domingo (2). No entanto, a trilha sonora da produção reforça uma imagem do país que, segundo a The Economist, já não corresponde à sua realidade musical. Em artigo publicado nesta quinta-feira (6), a revista britânica afirma que o Brasil deixou de ser apenas o país do samba e da bossa nova.

“Os brasileiros modernos preferem o sertanejo, um gênero de música caipira, e o funk, um estilo que surgiu nas favelas do Rio. O funk, em particular, pode se tornar global e mudar a marca do Brasil no processo”, diz a revista, que destaca em seu site uma foto da cantora Anitta. O crescimento do sertanejo, segundo a publicação, acompanha as transformações econômicas do país, onde a indústria perdeu espaço para o agronegócio.

Leo Morel, da Midia Research, explica que, antes, a maioria dos produtores musicais estava no Rio de Janeiro, mas, com o avanço da agropecuária, “os Estados rurais começaram a ganhar voz”. No entanto, a revista ressalta que, apesar do domínio do sertanejo, poucos artistas do gênero buscam se tornar globais.

Já o funk brasileiro tem uma trajetória diferente. Nascido no fim dos anos 1980, inspirado no Miami bass e no electro-funk, ele criou uma identidade própria, com uma subcultura que inclui o “passinho” e a “rebolada”, descrita como “uma versão acelerada do twerking”. A reportagem também aponta que, apesar de sua crescente popularidade, o funk ainda carrega uma imagem controversa, com letras muitas vezes violentas e bailes em que a presença do crime organizado é visível.

Artigo da revista britânica The Economist sobre o funk brasileiro. Foto: Reprodução

Funk Brasileiro no Radar Global

A The Economist destaca que, enquanto nomes como Gilberto Gil já foram os principais embaixadores da música brasileira, hoje essa posição pertence a Anitta. A artista trabalhou anos para conquistar o mercado internacional, aprendendo inglês e espanhol, mudando-se para Miami e assinando contrato com a Republic Records. Em 2022, foi a primeira brasileira a alcançar o topo do Spotify Global com “Envolver”, um reggaeton cantado em espanhol.

A revista aponta que o sucesso de Anitta mostra os desafios que artistas brasileiros enfrentam para atingir um público internacional. “É mais fácil exportar jogadores de futebol brasileiros do que músicos e cultura”, diz a pesquisadora Michele Miranda.

Ainda assim, o funk começa a ganhar espaço global. Beyoncé e Kanye West já incorporaram batidas do gênero em seus álbuns, e produtores americanos como Timbaland e Snoop Dogg demonstram interesse pelo estilo. Roberta Pate, do Spotify Brasil, destaca que a América Latina representa um quarto da base ativa de usuários do serviço de streaming, apesar de ter apenas 8% da população mundial.

Para a The Economist, o funk pode seguir o caminho do reggaeton e expandir sua influência, mas, para isso, os artistas brasileiros precisarão manter uma estratégia consistente. Se Anitta continuar na liderança desse movimento, o crescimento global do funk pode ser apenas uma questão de tempo.

Conheça as redes sociais do DCM:

⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo

🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Artigo Anterior

As possíveis rotas de Simone Tebet para 2026

Próximo Artigo

Feminicídio fez mais de 11,8 mil vítimas no Brasil desde 2015

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!