O enorme tiro no pé que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está dando na economia de seu próprio país com o chamado ‘tarifaço’ pode ter efeitos negativos também para o Brasil e para a economia do planeta.

Tudo isso foi confirmado por um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que atestou que o tarifaço de Trump pode derrubar o PIB americano em 0,37% e provocar uma queda de 0,16% (R$ 19,2 bilhões) no PIB brasileiro. Os efeitos seriam desastrosos para o comércio internacional com chance de retração de 2,1%, o que significa perda de US$ 483 bilhões, enquanto a economia global pode amargar uma queda de 0,12%.

A CNI se baseou em fontes oficiais e estudos econômicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que avaliaram as barreiras tarifárias impostas ao Brasil, China e mais 14 países, além das taxas impostas à importação de automóveis e aço de qualquer lugar.

Ao apelar para a racionalidade e diálogo, o presidente da CNI, Ricardo Alban, apontou o desatino do líder estadunidense. “Os números mostram que esta política é um perde-perde para todos, mas principalmente para os americanos. A indústria brasileira tem nos EUA seu principal mercado, por isso a situação é tão preocupante. É do interesse de todos avançar nas negociações e sensibilizar o governo americano da complementariedade das nossas relações. A racionalidade deve prevalecer”, afirmou.

Terceiro maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos são o destino de 12% das exportações brasileiras e a origem de 16% das importações. Em 2024 o país foi o principal destino das exportações da indústria de transformação nacional, com mais de 78% das exportações. Atualmente o Brasil tem tarifa média de 2,7% sobre as importações de produtos dos Estados Unidos, que tem um superávit com o Brasil de US$ 43 bilhões em bens e US$ 165 bilhões em serviços.

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Na rede social X, o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, comunicou que ouviu empresas norte-americanas que atuam há décadas no Brasil e defendeu o diálogo.

“São grupos de diversos setores econômicos que confiam em nosso país, geram milhares de empregos e concordam com o entendimento de que o diálogo entre EUA e Brasil e a ampliação do comércio e dos investimentos são essenciais. Contamos com o apoio das iniciativas privadas brasileira e estadunidense para conseguirmos avançar em nossas negociações com os EUA”, publicou.

Estados do Sul e Sudeste seriam os mais prejudicados

Divulgado nesta quarta-feira (16), o relatório da CNI mostra ainda que o tarifaço de Trump deverá diminuir em R$ 52 bilhões as exportações do país, atingindo principalmente os estados de São Paulo (queda de R$ 4,4 bilhões no PIB), Rio Grande do Sul (R$ 1,9 bilhão), Paraná (R$ 1,9 bilhão), Santa Catarina (R$ 1,7 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,6 bilhão).

As medidas podem acarretar a perda de 110 mil vagas de empregos, sendo 40 mil na agropecuária, 31 mil no comércio e 26 mil na indústria.

A indústria de tratores e máquinas agrícolas (redução de 4,18% na produção e 11,31% nas exportações) deverá ser um dos setores mais prejudicados com a tarifa sobre o Brasil, além da indústria de aeronaves, embarcações e equipamentos de transporte (queda de 9,1% na produção e 22,3% nas exportações); e dos produtores de carnes de aves (diminuição de 4,1% na produção e 11,3% nas exportações).

“Bom senso deve prevalecer”, diz Alban

Ao destacar a interdependência existente entre as economias, a CNI avaliou que “o comércio bilateral é formado por intensos fluxos de insumos produtivos, refletindo a integração das cadeias de valor entre Brasil e Estados Unidos” e questionou a tarifa de 50% por sua desproporcionalidade.

Na rede social X, a CNI ressaltou o apoio de entidades empresariais dos Estados Unidos contra tarifaço. “Confederação Nacional da Indústria enaltece nota da U.S. Chamber e da Amcham que repudiam taxação de 50% sobre exportações brasileiras. Presidente Ricardo Alban vê gesto como decisivo para reverter medida com alto custo para ambos os países”, publicou a Confederação.

Em outra postagem, a CNI publicou entrevista do presidente Ricardo Alban e destacou: “Bom senso deve prevalecer”.

Da Redação, com Agência Brasil e CNN

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Last Update: 17/07/2025