E viva o cinema brasileiro, viva!

por Izaías Almada

        O cinema brasileiro, como qualquer cinema de outras nacionalidades, tem sua história cheia de altos e baixos.

        E entre os dois extremos, manteve-se firme e obstinado em se integrar a uma arte iniciada em finais do século XIX, adolescente na metade do século XX e madura e cheia de vida dos anos 60 até os dias de hoje.

        Nesse périplo, contou com a dedicação, o esforço e a criatividade de vários produtores e produtoras, realizadores e realizadoras, atrizes e atores, fotógrafos, cenógrafos, roteiristas, montadores, editores, criadores de efeitos especiais, dubladores e dubladoras, operadores de som direto, maquiadores, figurinistas, enfim todo um conjunto necessário às atividades exigidas para a realização de um filme.

        Citar nomes nesse contexto seria cometer, com toda a certeza, uma monstruosa injustiça…  

        Tornado um produto a ser comercializado no mercado internacional, o poder econômico dos países que conseguiram criar o “seu” cinema, enfrentou as dificuldades e as benesses de costume do sistema capitalista.

        Para se ter uma ideia dessa concorrência, não custa lembrar que o cinema norte-americano chegou a ser a terceira fonte de renda do país em alguns anos…

        As produções paulistas da Vera Cruz, as produções cariocas da Atlântida, o surgimento do Cinema Novo, o pós Cinema Novo, o cinema durante a ditadura civil/militar, as produções dos anos 80 e 90, com o surgimento de novos talentos pós Cinema Novo, o bom cinema vindo do nordeste e os trabalhos e realizações do início do século XXI, podem ser encontrados no Dicionário eletrônico Google, que contém razoável número de informações sobre a história do nosso cinema.

        Após as considerações acima, gostaria de falar um pouquinho dos dois últimos filmes brasileiros a que assisti: “Brazyl”, do cineasta José Walter Lima e “Ainda estou aqui”, de Walter Salles…

        Ambos têm em comum mostrar as vísceras do regime civil/militar que tomou o Brasil de assalto em 1964 e esticou a corda o quanto pode com a prisão, tortura, morte e desaparecimentos de milhares e milhares de brasileiras e brasileiros.

        Ambos ajudam a mostrar às novas gerações dois filmes imperdíveis, para usar o lugar comum. Ambos têm o mérito de trazer à tona a discussão sobre a democracia e sua defesa contra os arrivistas de fundo de esgoto…

        O prêmio conquistado pela atriz Fernanda Torres tem ainda o mérito adicional de lançar o filme internacionalmente, colocando um selo na testa da burguesia brasileira com o seguinte slogan: “Ditadura Nunca Mais!”.

Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

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Last Update: 10/01/2025