O ministro da Defesa, José Múcio, declarou que a prisão do general da reserva Walter Braga Netto era esperada. Embora a expectativa tenha sido confirmada, Múcio avalia que há reconhecimento de que as Forças Armadas estão “constrangidas” com o suposto envolvimento do ex-ministro do governo Jair Bolsonaro na trama golpista.
“Precisa acabar para a gente olhar para frente e tirar a suspeição sobre os inocentes. Cada um entrou nisso com seus CPFs e temos que preservar o CNPJ das três Forças”, disse Múcio, durante uma visita ao presidente Lula em São Paulo.
A prisão de Braga Netto é especialmente danosa para os militares, uma vez que o ex-ministro é um general de quatro estrelas envolvido, segundo a Polícia Federal, em um plano de ruptura institucional.
“É como se ter um amigo respondendo a um processo”, comparou Múcio. “Você quer que ele pague diante da lei, mas fica constrangido porque ele é um amigo.”
“Ele [Braga Netto] tem muitos colegas da reserva, colegas de turno, está preso no Rio de Janeiro, é o primeiro general de quatro estrelas, mas não é uma surpresa para absolutamente ninguém.”
Múcio disse que Lula quis saber como estava o “ambiente das Forças” após a prisão de Braga Netto. Além disso, o ministro da Defesa tratou com o presidente sobre o projeto de lei que pretende fixar uma idade mínima para a aposentadoria dos militares.
“Isso vai para o plenário e depois vamos nos adaptar”, afirmou Múcio, resignado. “A dificuldade de mexer com a aposentadoria de militar é que a promoção de militar é como procissão. Se parar um na frente, para tudo atrás. Temos que ver como adequar isso, para não acontecer o que chamam de empoçamento. Alguns postos vão ficar empoçados, muitos coronéis, muitos majores, muitos capitães porque a carreira é muito longa.”