É uma realidade sentida e vivida por todos os trabalhadores bancários que, com os atuais salários que percebem, não é possível continuar. Sobra cada vez mais mês no fim dos salários.

Não há como o bancário esperar até setembro de 2026 — devido ao acordo bianual assinado pela burocracia sindical com os banqueiros na última data-base da categoria — com a miséria que os bancários recebem a cada dia 20, e que mal dá para os gastos elementares com a sobrevivência, como alimentação, para não falar de outros itens que um salário que se preze deveria assegurar: habitação, saúde, educação, vestuário e transporte. Deixando de lado o lazer, porque este, há muito, é um luxo que pouquíssimos podem desfrutar.

Segundo o DIEESE, para que uma família de quatro pessoas fosse alimentada convenientemente (sem incluir gastos de qualquer outro tipo), teria que receber agora (e não em setembro de 2026) o novo mínimo (R$ 1.518) multiplicado pelo menos duas vezes (R$ 3.000). Incluídos todos os gastos que o mínimo deveria cobrir — além da alimentação, também saúde, transporte, habitação, educação, vestuário e lazer — seu valor teria que ser pelo menos cinco vezes maior do que o fixado (R$ 7.500).

Quantos bancários recebem esse mínimo que, mesmo calculado por um instituto mantido pelos sindicatos, é visivelmente baixo e não corresponde à realidade, ficando muito aquém das necessidades de uma família? (Já os “representantes do povo”, que aprovam salários miseráveis para os outros, se autopresenteiam com reajustes que fazem com que seus parcos vencimentos alcancem a bagatela, em maio, de cerca de 9 mil dólares — ou meros 47 mil reais…).

Enquanto a situação dos bancários se deteriora, e o seu poder aquisitivo, como o do conjunto dos trabalhadores, bate no fundo do poço, o governo perde por completo o controle da situação política (substituição do ministério) e econômica (a recessão se aprofunda, a inflação está em alta, e é reajuste em cima de reajuste no preço de tudo).

Ao contrário disso, o que se vê é a incrível propaganda da burocracia sindical ao cantar vitória com o famigerado acordo bianual, quando os trabalhadores terão reajustados os seus salários pelo INPC dos últimos 12 meses + 0,5% de “ganho real” este ano. Ou seja, este ano os bancários não vão ter campanha salarial e irão receber o índice da inflação fajuta que o governo controla e uma esmola dada pelos banqueiros de 0,5% de “ganho real” — ganho esse que nem cosquinha irá fazer nos bolsos dos bancários.

A política de acordos bianuais é a tentativa de atar mãos e pés da categoria bancária diante dos banqueiros que, certamente, diante do aprofundamento da crise capitalista, irão acentuar os ataques aos trabalhadores bancários.

Portanto, os bancários não devem esperar nada de ninguém, a não ser deles próprios e da sua união na luta. Nesse sentido, a palavra de ordem no momento é mobilizar e organizar imediatamente uma Campanha Salarial de Emergência, que é mais do que nunca necessária no atual momento. É preciso tirar as direções sindicais da atual paralisia na qual se encontram e preparar a contraofensiva dos trabalhadores contra os ataques dos banqueiros.

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Last Update: 12/06/2025