A operação de desmonte do setor bancário é parte da política imposta pelos banqueiros, nacionais e internacionais, no bojo da chamada “reforma” financeira — em curso há pelo menos três décadas, implementada por sucessivos governos neoliberais a serviço da burguesia.

Um dos principais efeitos dessa política é o avanço das demissões em massa. A categoria bancária, que no início da década de 1990 contava com cerca de 700 mil trabalhadores — com uma população brasileira de 146,8 milhões de habitantes —, hoje soma apenas cerca de 450 mil bancários, enquanto a população ultrapassa os 220 milhões. Ou seja, mais pessoas, menos trabalhadores e menos atendimento — reflexo direto da política de rapina do capital financeiro.

A onda de fechamento de agências e dependências bancárias é parte de uma ofensiva geral dos banqueiros. Para justificar seus ataques, recorrem a desculpas esfarrapadas, como a suposta concorrência com as fintechs, pressões regulatórias ou a transição para agências digitais. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma que a decisão de abrir ou fechar agências é tomada “com base na estratégia de negócios” e que os bancos “estão adequando suas estruturas à nova realidade do mercado”. Em bom português: para manter os lucros astronômicos, que se dane o povo trabalhador.

É sempre necessário lembrar: a atividade bancária, que deveria ter caráter público, voltado ao atendimento de toda a população, é usada pelos governos como um instrumento para enriquecer uma minoria de parasitas que vivem de sugar o sangue da classe trabalhadora. Não à toa, são justamente os setores mais pobres que sofrem com a política de fechamento das agências. Nos municípios sem estrutura bancária, o povo é obrigado a se deslocar dezenas de quilômetros para sacar a aposentadoria, receber o Bolsa Família ou acessar qualquer outro benefício.

Ao mesmo tempo, os trabalhadores bancários enfrentam uma situação cada vez mais insustentável. Com a redução do efetivo, um único bancário passa a exercer as funções que antes eram desempenhadas por três ou mais colegas. O resultado é o adoecimento em massa. Os bancários figuram no topo do ranking de afastamentos por doenças relacionadas ao trabalho — reflexo direto da sobrecarga e da precarização das condições de trabalho.

As agências, sobretudo nas periferias das grandes cidades e nos municípios do interior, estão lotadas. O caso do Bradesco é exemplar. Em 2023, o banco registrava a absurda marca de 1.227,6 clientes por trabalhador. Em 2024, esse número aumentou 5,7%, saltando para 1.298,6 clientes por bancário — um verdadeiro escândalo.

A cada dia, a categoria bancária é surpreendida com novas notícias de fechamento de agências e demissões em massa. Tanto bancos privados como públicos estão promovendo verdadeiras devastações em todo o País. O Bradesco, por exemplo, anunciou recentemente o fechamento de 20 agências apenas no estado do Maranhão. O Banco da Amazônia lançou mais um Plano de Demissão “Voluntária” — na prática, um plano de chantagem e pressão — visando dispensar 600 funcionários. E o mesmo ocorre em bancos como Itaú/Unibanco, Santander, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, entre outros.

Os dados do Novo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) escancaram a destruição. No primeiro trimestre de 2025, o setor bancário eliminou 1.197 postos de trabalho — um salto de 67,8% em relação ao mesmo período de 2024.

Em 12 meses, foram extintas 7.473 vagas; em março, apenas, o saldo foi de menos 1.111 postos. A análise por áreas ocupacionais confirma o cenário: o setor “Bancária/Financeira” — que inclui caixas, escriturários e gerentes — teve um saldo de – 9.105 vagas. Também houve perdas nas áreas administrativas e de atendimento ao público. A única área com crescimento foi a de Tecnologia da Informação, com saldo positivo de 1.842 vagas, evidenciando a reconfiguração do setor em favor da automação e do arrocho.

Esses dados são a comprovação inequívoca da política de rapina dos banqueiros, que massacram a categoria bancária e condenam a população a um serviço cada vez mais precário e inacessível.

As demissões em massa são uma política criminosa, cujo único objetivo é enriquecer ainda mais uma elite parasitária da economia nacional. O resultado é o caos absoluto nas condições de trabalho dos bancários e na vida da população mais pobre.

É preciso reagir com a força da mobilização popular!

Diante da ofensiva reacionária dos patrões, é urgente sacudir as direções sindicais que permanecem paralisadas. É necessário organizar uma campanha nacional de emergência, convocando toda a categoria bancária à luta, com seus métodos tradicionais: greves, ocupações, piquetes e mobilizações de rua.

Só um programa verdadeiramente classista, que defenda os interesses dos trabalhadores contra a ditadura dos banqueiros, poderá enfrentar essa situação e virar o jogo. A hora é de levantar a cabeça e colocar em marcha a força da classe trabalhadora para derrotar os ataques e recuperar os direitos perdidos.

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Last Update: 05/06/2025