Por Lilia Schwarcz
Desde que cheguei a Princeton tenho visto a situação ir de mal a pior.
Logo na chegada no aeroporto já era visível a tensão com muitas pessoas indo diretamente para uma salinha especial.
Na universidade as notícias eram de perda de verba, de demissões de até 30 pessoas nos principais laboratórios e casos de universidades que estavam censurando termos dos programas como diversidade, direitos humanos, relações de gênero, meio ambiente ou sustentabilidade.
Isso sem esquecer das pessoas que tiveram seus vistos acadêmicos cancelados, quando não foram presos — como o caso do aluno de Columbia, Khalil, um refugiado palestino criado na Síria, que foi detido por agentes do Departamento de Imigração e Alfândega. É o fim da liberdade de expressão.
Até mesmo a universidade de Columbia teve que ceder às pressões (é o que está hoje no New York Times) para não ter suas verbas públicas cortadas. O memorando delineia medidas tomadas, incluindo a proibição de máscaras faciais no campus, o empoderamento de agentes de segurança para remover ou prender indivíduos na universidade, e a retirada do corpo docente do controle do departamento que oferece cursos sobre o Oriente Médio.
Esse tipo de exigência gerou muita preocupação também em outras instituições, que temem que é medida abra uma porteira para que o governo federal determine como um departamento deve se comportar e instale interventores.
Enfim, não há nada de retórica. É prática de revisionismo mesmo e cerceamento da livre expressão. É hora da universidade mostrar sua verdadeira função a serviço da informação. A exigência gerou alarme entre professores de Columbia e de outras instituições, que temem que permitir que o governo federal dite como um departamento é administrado estabelece um precedente perigoso, de qualidade e da boa educação que serve à liberdade e não ao negacionismo e ao obscurantismo.
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