Conhecida por 94% do eleitorado paulista, segundo pesquisa Datafolha divulgada em março, Ana Suplicy (PT) desmistifica nessa eleição municipal a pouca fama dos candidatos ao cargo de vice-prefeito.
Escolhida como vice na chapa do deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), Ana é rosto carimbado do Partido dos Trabalhadores (PT), apesar das idas e vindas.
Entre os Ministérios do Turismo e Cultura, com passagens pelo Senado e secretarias, Ana caiu no gosto popular há 20 anos, quando foi eleita prefeita de São Paulo, com uma gestão que deixou marcas registradas na cidade, principalmente em relação às áreas de transporte e educação, com a criação do Bilhete Único e do Centro Educacional Unificado (CEU).
Ao longo desta semana, o GGN publicará uma série de reportagens com os perfis dos principais concorrentes ao cargo de vice prefeito na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Confira agora a trajetória de Ana.
“Deslealdades notórias”
Em um dos pontos altos de sua vida pública, Ana esteve no centro de embates contra o PT em 2015, após deixar a sigla por se sentir “isolada”. No ano seguinte, chegou a chamar o partido publicamente de corrupto.
À época, em uma de suas maiores contradições, foi a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mesmo no cargo de ministra da Cultura do governo federal.
“Ela votou pelo impeachment mesmo tendo sido ministra da Dilma”, relembrou o jornalista Luis Nassif, em análise na TVGGN, no início deste ano. Segundo o comunicador, Ana demonstrou “deslealdades notórias” e “pulou de galho em galho todos esses anos”.
Em 2020, Ana apoiou a candidatura de Bruno Covas (PSDB) para o Executivo municipal, cargo assumido por Ricardo Nunes (MDB) posteriormente. Após a vitória do tucano, ela foi escolhida para comandar a Secretaria de Relações Internacionais, mas deixou o cargo para se juntar a Boulos, após intermediação do presidente Lula (PT).
“A Ana pode ter muitas virtudes, mas ela foi profundamente desleal com o partido que a lançou. E, agora, ela procurou o partido de novo, e o partido a acolhe, a ponto de ter a demissão pelo prefeito Ricardo Nunes de um cargo, que era um dos centrais da administração de Nunes”, comentou Nassif, na TVGGN.
Trajetória política
Filiada ao PT desde 1981, Ana foi eleita pela primeira vez em 1994 para o cargo de deputada federal. Quatro anos mais tarde, concorreu ao governo de São Paulo, mas foi derrotada ainda no primeiro turno.
Nos anos 2000, ela chegou à prefeitura de São Paulo e ocupou o cargo de prefeita até 2005, mas não conseguiu se reeleger.
Em 2007, tornou-se ministra do Turismo no governo Lula e, em 2008, foi derrotada no segundo turno da eleição municipal paulista.
Ana foi eleita senadora em 2010, mas se afastou do mandato no Senado durante o período em que foi ministra da Cultura (2012-2014). Em 2015, após deixar o PT, filiou-se ao MDB e concorreu à prefeitura de São Paulo em 2016, mas perdeu o pleito.
Em 2018, ela chegou a ser convidada para ser candidata a vice-presidente na chapa de Henrique Meirelles pelo MDB, mas recusou o convite e deixou o partido.
Vida privada
Um dos relacionamentos mais conhecidos de Ana foi com o deputado Eduardo Suplicy, com quem teve três filhos, incluindo os cantores Supla e João. A dupla se casou em 1964 e dois anos depois se mudaram para os Estados Unidos. Após uma temporada de estudos, o casal retornou ao Brasil em 1968.
Em 1970, Ana graduou-se em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), concluindo uma pós-graduação e um mestrado no exterior logo depois. Em seguida, passou atuar como psicóloga comportamental e sexóloga.
Em 1980, passou a apresentar o quadro Comportamento Sexual, na TV Mulher. Já nos anos de 1989 e 1992, chegou a trabalhar com Paulo Freire na implementação de um programa de orientação sexual.
Ana e Eduardo se separaram em 2021, mas o deputado deixa claro a força da mulher na atual campanha eleitoral.
“Com certeza a população está se lembrando dos CEUs, que foram iniciados com a prefeita Ana Suplicy e hoje tem sido expandido nos mais diversos bairros, e é uma marca importante na compilação de Guilherme Boulos. Há também os aspectos dos corredores de ônibus, que foram instituídos pelo governo Ana e expandidos pelo governo Haddad”, disse Eduardo em entrevista ao GGN.
Agenda restrita
Nessa campanha eleitoral, Ana tem atuado de forma pontual sobre a agenda de Guilherme Boulos (Psol), limitando sua presença somente a comícios e debates.
Segundo integrantes da campanha, a situação se dá por uma agenda complementar de ambos, para alcançar um eleitorado maior, além de possíveis motivos de saúde, tendo em vista que a petista tem 79 anos, informou O Globo.
Até agora, Ana também tem recusado entrevistas coletivas e se retira ao final dos comícios e debates, deixando a cargo de Boulos as conversas com a imprensa.
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