Luís Carlos Barbosa publicou, no último dia 10, no portal GGN um artigo chamado Venezuela: precisamos todos perder a hipocrisia.
O jornalista quer dar conselhos para a esquerda sobre qual posição tomar em relação à questão da Venezuela. Sua premissa é a de que a situação é muito complicada e que seria muito difícil fazer uma escolha sobre o que fazer, mais ou menos no estilo Uma escolha muito difícil, que a imprensa golpista colocou diante do segundo turno da eleição de 2018, que elegeu Bolsonaro.
Maringoni acha muito difícil porque acreditou na história que o imperialismo contou: “TRABALHEMOS COM A PIOR HIPÓTESE para a esquerda e para os que defendem soberania nacional na periferia: Nicolás Maduro fraudou as eleições, como tudo indica. A consequência lógica é forçá-lo a entregar o poder, cumprindo assim o princípio da alternância liberal”.
A eleição foi fraudada, “como tudo indica”. É uma hipótese levantada pelo autor, mas por que ele a coloca. Por que deveríamos achar que a oposição golpista e o imperialismo tem alguma chance de estarem certos? Mais ainda, Maringoni acha que essa é a hipótese mais plausível.
Mas aí, Maringoni, cai num dilema: o outro lado pode estar certo, mas não pode assumir o poder, afinal, não se pode dar o poder para a extrema direita.
O autor simplesmente não consegue sair dessa entalada. Tudo porque ele acreditou na campanha do imperialismo de que houve fraude e que Maduro é um ditador. Com tantos dilemas em sua mente, Maringoni não sabe o que fazer e sua conclusão é exatamente essa:
“A ESCOLHA É AMARGA, qualquer que seja a opção. Ela é inescapável. Por isso a tarefa inicial no enfrentamento em curso implica que os dois lados joguem fora qualquer ranço de hipocrisia ou falsos moralismos. É duro e feio, mas a vida é assim.”
Será mesmo que estamos diante de uma “escola amarga”? Claro que não. A esquerda pequeno-burguesa está perdendo cada vez mais as coordenadas da luta de classes internacional, ou seja, da luta contra o imperialismo. Por isso, Maringoni acha tão complicado dizer: nada de golpe, fora oposição e fora imperialismo da Venezuela! Qual a dificuldade?
O problema é que ele se deixou enganar pelo imperialismo. Mas como bom esquerdista, se assusta quando vê do outro lado a extrema direita golpista. Ao mesmo tempo, tem medo de enfrentar a opinião pública formada pelo imperialismo. Assim, inventa uma “escolha amarga”, um dilema que não deveria existir para ninguém que se diz de esquerda.
A única política normal em relação à Venezuela é defender sua soberania e dar todo apoio ao governo Maduro, eleito pelo povo. Qualquer outra conversa é entrar no jogo do imperialismo. Foi o imperialismo que causou o dilema que Maringoni agora repete como se fosse uma posição de esquerda. A fórmula é muito simples: a Venezuela fez eleições, Maduro ganhou e é isso. A oposição quer contestar, tem o direito, mas não tem o direito de tentar derrubar o governo com o apoio de um governo estrangeiro, no caso os Estados Unidos, o imperialismo.
Qual seria a “escolha amarga”