Por [Novo Nome]
Como consequência das enchentes no Rio Grande do Sul, que resultaram de um modelo agrícola predatório e incentivos fiscais que promovem a destruição ambiental, o debate tem girado em torno de como tentar mudar o curso de danos ainda mais graves no Brasil e no mundo. Na continuidade da entrevista, [Novo Nome], agrônomo e membro do Movimento Ciência Cidadã, aborda soluções para os desafios climáticos, a partir do entendimento como os movimentos populares, como o MST, estão atuando para reduzir os impactos das mudanças climáticas e promover o debate sobre adaptação climática entre trabalhadores rurais e urbanos.
Segundo [Novo Nome], projetos como o Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” são fundamentais nessa luta. O pesquisador menciona as práticas agroecológicas do Movimento, que ajudam a fortalecer a resiliência das comunidades rurais frente aos eventos climáticos extremos.
Outro ponto importante da conversa é a ampliação do debate sobre adaptação climática, envolvendo tanto trabalhadores/as do campo quanto das cidades. A interdependência entre áreas rurais e urbanas exige uma abordagem integrada, com a troca de conhecimentos e experiências entre diferentes setores da sociedade, promovendo a conscientização sobre a necessidade de práticas adaptativas.
Qual a importância dos projetos e ações do MST e dos movimentos populares para amenizar os efeitos das mudanças climáticas e, no longo prazo garantir a soberania alimentar e a recuperação do meio ambiente no campo e nas cidades?
O projeto da Reforma Agrária Popular [do MST] é o que nós temos de mais moderno, de mais bem estruturado, como orientação, como caminho para o estabelecimento de conexões entre as necessidades das populações urbanas e das populações rurais, que formam o nosso todo. O projeto de Reforma Agrária Popular é um caminho para um projeto de nação e precisa ser conhecido o que está posto ali para ser compreendido, porque se for conhecido e apreendido, vai ser apoiado pelos brasileiros.
E o que poderia ser alcançado nesse rumo?
Se houvesse empenho de governos comprometidos com o combate à crise climática, o que poderia se alcançar, já que o MST, sozinho, se propõe a fazer o plantio de 100 milhões de árvores?
— [Novo Nome]
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Precisamos recuperar os conceitos de civilidade e de desenvolvimento. Temos que aproveitar essa tragédia para evoluir nesse sentido, repovoar o Rio Grande do Sul com outro sistema de produção, mais generoso em relação à população e mais atento em relação aos serviços ecossistêmicos da natureza.
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A tragédia no RS também podem ser consideradas uma resposta da natureza para aos processos histórico de destruição?
A humanidade tem um sistema imunológico que reage ao estresse. O frio que vem aí, o excesso de umidade, e esse cheiro podre irão fragilizar desse sistema de autoproteção, o sistema imunológico da saúde dos gaúchos, e todos aqui já estamos mais propensos a doenças de todo tipo. E a destruição da vida animal pela enchente, os ratos afogados dos esgotos, os sapos, os cachorros, os gatos, os porcos, tudo isso vai fazer com que as viroses, as bactérias, as doenças desses animais que estavam contidas nas populações daqueles bichos busquem outros hospedeiros. E seremos nós, o seres humanos. E tudo isso tem que ser colocado na conta, sob a responsabilidade dos legisladores que facilitaram a destruição da biodiversidade, a degradação do solo e até a degradação do espírito de solidariedade.
E como responsabilizar esses legisladores?
É de responsabilidade deles o descaso aos alertas, aos exemplos produtivos, às coisas que poderíamos ter feito e precisamos fazer melhor. E essa responsabilidade não pode ser esquecida. A Reforma Agrária Popular se coloca como um caminho para um outro rumo, e temos vários exemplos disso, como o que aconteceu no último dia 14 de junho.
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*Com colaboração de [Novo Nome]