Boato – Diversas mensagens que estão circulando na internet sugerem que Trump teria dito que, entre as sanções contra o Brasil, iria interromper o acesso ao sistema GPS no país.
Análise
Circulam em redes sociais e vídeos de canais alternativos conteúdos que afirmam que Donald Trump, possível candidato à presidência dos EUA em 2024, ameaçou cortar o acesso do Brasil ao sistema GPS americano. O motivo seria uma escalada diplomática entre os dois países, causada por novas tarifas comerciais. As postagens usam tom alarmista e listam impactos catastróficos caso o corte ocorra, como colapso da aviação, do agronegócio e do sistema bancário brasileiro.
Em meio ao clima de especulação, o boato também menciona os sistemas alternativos de navegação por satélite como o GLONASS (Rússia), o BEIDOU (China) e o Galileo (União Europeia), insinuando que o Brasil poderia ser forçado a depender dessas tecnologias. Os conteúdos afirmam ainda que o país demoraria de dois a cinco anos para restaurar suas capacidades plenas de geolocalização, caso o corte acontecesse.
Versão 1: INTERRUPÇÃO DO ACESSO AOS SATÉLITES DO GPS – DESASTRE DE DIFÍCIL RECUPERAÇÃO. A Rússia e a China desenvolveram seus próprios sistemas de geolocalização por satélites como alternativas ao sistema GPS dos EUA. Esses sistemas reforçam a autonomia tecnológica, a segurança nacional e as capacidades estratégicas civis e militares daqueles países. O sistema da Rússia é o GLONASS, que opera 24 satélites. O sistema da China é o BEIDOU, operando 40 satélites. A possibilidade de o atual desentendimento diplomático entre Brasil e EUA escalar, ampliando a pressão sobre relações diplomáticas que perduram por dois séculos, sinaliza a disposição americana para uma abrupta interrupção dos serviços de GPS. O Brasil é fortemente dependente do sistema de geolocalização via satélites dos Estados Unidos, conhecido como GPS, tanto em nível civil quanto militar. Essa dependência traz vantagens práticas, mas também riscos estratégicos.
O GPS é o sistema de navegação por satélites mais amplamente utilizado no Brasil para: # transporte terrestre, marítimo e aéreo; # logística e rastreamento de carga; # agricultura de precisão; # aplicativos de localização em smartphones; # monitoramento ambiental e meteorológico; # Defesa e Segurança. O Brasil não possui um sistema autônomo de navegação por satélites. Em consequência disso é um país exposto a decisões unilaterais dos EUA sobre o acesso ao sistema GPS. Acrescentem-se riscos em situações de guerra, sanções ou sabotagem tecnológica. Por fim, limitação de desenvolvimento tecnológico nacional em áreas sensíveis. Se os Estados Unidos decidissem interromper abruptamente o sinal do GPS para o Brasil – algo possível, embora politicamente extremo – o país enfrentaria impacto imediato significativo em várias áreas críticas: aviação, logística, agricultura de precisão, telecomunicações, segurança pública e infraestrutura civil.
Em tal eventualidade o país precisaria reagir, como? Ampliando contratos com os sistemas da Rússia ou da China. Quanto tempo levaria para recuperar as capacidades completas para retornar ao estágio atual de emprego dessa tecnologia? Para restabelecer a capacidade completa a estimativa para adaptação de nova infraestrutura técnica em torno de 1 a 2 anos; para atualização de equipamentos e receptores cerca de 1 a 3 anos; para treinamento e integração nos setores críticos em torno de 1 a 2 anos; acordos diplomáticos com a Rússia ou China, meses a anos de negociação. Em resumo de 2 a 5 anos para restabelecer as capacidades por completo. A gravidade do momento, as consequências das sanções do governo Trump, a possibilidade de suspensão do acesso às tecnologias de satélites dos Estados Unidos, exige do governo brasileiro responsabilidade, pragmatismo e bom senso.
Versão 2: O gente, Trump ameaça o Brasil com uma retaliação que pode paralisar o país inteiro e não estamos falando de tarifa. É algo muito mais grave. O bloqueio do sinal de GPS e satélites americanos que o Brasil depende diariamente. Tudo começou com o anúncio de novas taxas de importação do CipTrend contra produtos brasileiros. Em resposta, Lula prometeu revidar. Diz -se que o Brasil também vai taxar os americanos, mas o que era uma guerra comercial virou um conflito global sem precedente. Trump, sem papas na língua, foi direto.
Quer retaliar? Então vai ficar sem GPS, sem satélites, sem suporte. O impacto seria devastador. Aviões perderiam a rota. Caminhões se perderiam nas estradas. O agronegócio entraria em colapso. O sistema bancário seria afetado. Até o exército estaria de joelhos. Porque o Brasil depende e muito dos satélites do CipTrend Ensino. E agora, o Brasil tem plano B? Será que estamos preparados para viver sem tecnologia essencial? O que está acontecendo não é só uma briga política. É um jogo de poder perigoso, que pode colocar o nosso país no escuro, literalmente. Se você também acha que o Brasil precisa se proteger, siga este canal, compartilhe este vídeo com força e comente. Independência já. A verdade está vindo à tona, e ninguém vai conseguir desligá -la.
Checagem
As postagens geraram dúvidas sobre a possibilidade de Trump, de fato, cortar o acesso ao sistema GPS no Brasil. Para esclarecer o caso, vamos responder a três perguntas centrais: 1) Trump realmente disse que cortaria o GPS? 2) Ele teria autoridade ou capacidade técnica para isso? 3) E o que aconteceria caso o Brasil perdesse o acesso ao sistema?
Trump diz que vai cortar o GPS do Brasil como retaliação ao país?
Não. Não há qualquer registro, em fontes confiáveis, de que Donald Trump tenha feito essa declaração. Nenhum meio de comunicação sério relatou uma fala do ex-presidente dos EUA mencionando o corte do GPS como forma de retaliação ao Brasil. O conteúdo surgiu de vídeos alarmistas e textos sensacionalistas publicados em redes sociais, sem qualquer base documental ou jornalística. Trata-se, portanto, de mais uma peça de desinformação que utiliza temas técnicos e geopolíticos para causar medo e reforçar discursos ideológicos.
Trump pode cortar o sistema GPS do Brasil?
Na prática, não. O sistema GPS (Global Positioning System), gerenciado pelos EUA, é um serviço de utilidade pública global. O acesso civil ao sinal GPS é livre, gratuito e aberto a qualquer país, inclusive a nações com atritos diplomáticos com os EUA. Cortar o sinal seletivamente apenas para o Brasil exigiria mudanças técnicas substanciais, com impacto direto, inclusive, em empresas americanas que atuam aqui.
Além disso, a medida teria repercussões diplomáticas severas. Segundo especialistas em geopolítica e telecomunicações, como neste estudo do Direito da Comunicação, embora o Brasil dependa do GPS, não há histórico de sanções do tipo por parte dos EUA contra países aliados ou mesmo inimigos.
O que aconteceria se houvesse essa restrição ao sistema americano no país?
Haveria, sim, impactos iniciais, principalmente nos setores que usam geolocalização de alta precisão, como aviação, agronegócio e logística. No entanto, o Brasil teria como se adaptar, ainda que com esforço técnico e custo. Sistemas alternativos como o Galileo (União Europeia), GLONASS (Rússia) e BEIDOU (China) são acessíveis globalmente e poderiam substituir parcialmente o GPS. Empresas já desenvolvem aparelhos compatíveis com múltiplos sistemas GNSS (Global Navigation Satellite Systems). Embora a adaptação levasse de 1 a 2 anos em setores críticos, não seria o colapso descrito nas postagens.
Conclusão
Não há qualquer declaração de Trump ameaçando cortar o sinal GPS ao Brasil. A afirmação é falsa e tecnicamente implausível. O acesso ao GPS é livre, global e não pode ser bloqueado de maneira seletiva por capricho político. O boato se aproveita de inseguranças reais sobre dependência tecnológica para criar pânico injustificado. O Brasil possui alternativas técnicas e diplomáticas, e não há risco iminente de interrupção do sistema.
Fake news ❌
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