Boato – Lula teria se mostrado um “grande estadista” ao retirar o Brasil do sistema SWIFT, abandonar o dólar em transações internacionais e humilhar Donald Trump em um suposto episódio diplomático.

Análise

Os embates diplomáticos entre Brasil e Estados Unidos têm gerado diversas fake news na internet. Uma delas está em um vídeo de longa duração que tem circulado em redes sociais com a promessa de revelar uma “virada histórica” protagonizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A narrativa afirma que Lula teria retirado o Brasil do sistema internacional de transferências SWIFT, substituído o dólar nas principais transações comerciais e ainda recusado encontro com representantes do governo norte-americano. O texto sugere uma reconfiguração da ordem global a partir de ações atribuídas a Lula. Confira abaixo a transcrição do boato:

UM GRANDE ESTADISTA NÃO ENTRA EM CONFLITO, DÁ A VOLTA POR CIMA! O recado foi dado e o mundo inteiro ouviu. Enquanto Donald Trump, em sua arrogância sem limites, achava que podia ditar as regras do jogo, ele não contava com a astúcia de um líder que joga xadrez, enquanto os outros jogam damas. Pessoal, o que vocês vão ver agora é o checkmate do Brasil no tabuleiro global, um movimento tão poderoso que redefiniu as fronteiras do poder para o século XXI. Trump acordou hoje e descobriu que o mundo não gira mais ao seu redor. A mensagem que Lula enviou não foi por carta, não foi por telefone, não foi um sussurro diplomático, foi uma ação direta, fulminante, um terremoto geopolítico que atingiu em cheio o coração do poder americano, o controle sobre o dólar. 

Fiquem aqui porque vou detalhar o movimento histórico que colocou o Brasil no centro do poder mundial e fez Trump entender, da forma mais dura, que a brincadeira de criança acabou. Tudo começou quando Trump, em um de seus tiliques nas redes sociais, assistiu incrédulo ao sucesso da última cúpula dos BRICS, realizada aqui no Brasil. Ele viu a imagem de Lula, ladeado por Xi Jinping, Putin, Modi e Rama Foza, falando sobre o mundo multipolar, sobre soberania e sobre o fim da hegemonia de uma única nação. A inveja corroeu sua alma. Para ele, aquilo era uma afronta pessoal. E então, ele fez o que sempre faz. Partiu para ameaça. […]

Enquanto Trump berrava para a sua plateia, garantindo que colocaria o Brasil de joelhos, Lula agia em silêncio. Nos bastidores da diplomacia, uma operação sigilosa, batizada de Operação 7 de setembro, estava em andamento há meses. O plano, uma declaração de independência econômica real, não apenas simbólica e ela veio de forma avassaladora, no momento exato em que Trump se sentia mais poderoso. […]

O primeiro movimento foi genial. Lula convocou uma reunião secreta com os presidentes do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDES. O encontro aconteceu numa madrugada de quinta-feira Feira, longe dos olhares da imprensa, a ordem foi clara: preparar o sistema financeiro brasileiro para operar completamente independente do Swift, o sistema americano que controla as transferências internacionais. Em apenas três meses, nossos bancos públicos desenvolveram uma tecnologia própria, conectada diretamente com os sistemas chinês e russo. Era a peça fundamental do quebra-cabeças. […]

Em um comunicado conjunto com os líderes dos BRICS, transmitido ao vivo de Brasília para o mundo, o presidente Lula, com a serenidade de um estadista que sabe o peso de suas palavras, anunciou que o Brasil, a partir daquele momento, não usaria mais o dólar americano para as suas transações de minério de ferro e petróleo. Isso mesmo que vocês ouviram. Duas das maiores commodities do planeta, o sangue que corre nas veias da indústria global, não passariam mais pela moeda americana, mas não parou por aí. A carne, a soja, o café, o suco de laranja, toda a pauta de exportação do agronegócio mais potente do mundo seria negociada através de uma nova plataforma digital dos bricks, lastreada em uma cesta de moedas e ouro. […]

O recado de Lula foi claro como a luz do dia. Você não mexe com o Brasil, porque o Brasil não está mais sozinho. Mexer conosco é mexer com uma aliança que representa metade da população mundial, um terço do PIB global e que controla as matérias-primas essenciais para o funcionamento do planeta. A arrogância de Trump se transformou em desespero. […]

Fontes do alto escalão do governo americano, desesperadas com o colapso iminente, vazaram que Trump está completamente transtornado. Ele passou as primeiras 24 horas trancado no salão oval, gritando com generais e secretários. Ele tentou ligar para Brasília, mas a ordem de Lula foi clara: não atender. O Brasil não é uma república de bananas que resolve seus problemas em um telefonema informal com o chefe. A resposta brasileira viria através dos canais diplomáticos apropriados e não por meio de uma conversa de bar. Desesperado, Trump enviou seu secretário de Estado em um voo de emergência para Brasília sem nem mesmo anunciar a visita publicamente.

O avião oficial americano pousou de madrugada na esperança de uma reunião secreta e humilhante, mas a humilhação foi ainda maior. O secretário de Estado foi recebido no Palácio do Itamaraty por um diplomata de terceiro escalão e informado de que a agenda do presidente Lula e do chanceler Mauro Vieira estava, infelizmente, lotada para as próximas semanas. Foi a maior humilhação diplomática que os Estados Unidos sofreram em um século. Foram colocados para esperar na recepção como um vendedor qualquer.

O mundo viu, pela primeira vez em décadas, uma nação do Sul global, não apenas desafiando, mas impondo seus termos a suposta maior potência do planeta. O recado que Lula mandou e que Trump mais temia, não foi uma ameaça. Foi uma constatação da nova a realidade. O mundo agora é multipolar. A ordem unipolar, nascida da queda do Muro de Berlim, morreu oficialmente hoje e sua certidão de óbito foi assinada em Brasília. Os Estados Unidos descobriram que não são mais os donos da bola.

Checagem

O material busca sustentar a ideia de que teria havido uma “humilhação diplomática” dos EUA e um suposto triunfo do Brasil em articulação internacional. Porém, não procede. Para verificar a veracidade do material, levantamos três pontos centrais: 1) Lula realmente tirou o Brasil do sistema SWIFT e abandonou o dólar? 2) O secretário de Estado norte-americano foi “humilhado” em visita ao Brasil? 3) Existem fake news semelhantes envolvendo Lula e Trump?

Lula se mostrou um grande estadista, tirou Brasil do sistema SWIFT, ignorou o dólar e humilhou Trump?

Não. Não há qualquer registro oficial de que o Brasil tenha deixado o sistema internacional SWIFT, que segue sendo a principal rede de comunicação financeira global. Também não houve abandono do dólar em transações comerciais.

O que ocorreu, de fato, foi uma discussão entre países do BRICS sobre a possibilidade de criação de uma moeda comum para facilitar trocas comerciais, conforme destacou a CNN Brasil. A iniciativa, porém, ainda está em estágio embrionário e distante de representar qualquer “ruptura histórica”. Muito longe, aliás, de toda a narrativa da história.

O secretário de Estado dos EUA foi humilhado em alguma tentativa de visita ao Brasil?

Também não. Não há qualquer evidência de que representantes do governo dos Estados Unidos tenham sido rejeitados ou colocados em situações de constrangimento diplomático no Brasil. Ao contrário, as visitas de autoridades norte-americanas ocorrem dentro de protocolos tradicionais de chancela diplomática.

A alegação de uma suposta recusa de Lula a receber o secretário de Estado faz parte da construção fantasiosa do vídeo e não encontra respaldo em registros da imprensa ou comunicados oficiais.

Há fake news similares sobre Lula e Trump?

Sim. Já circularam diversas narrativas fabricadas com teor de “confronto diplomático” entre Lula e Trump ou entre Lula e outras figuras de destaque internacional. Exemplos incluem boatos como a falsa afirmação de que Putin teria citado Lula em discurso durante encontro com Trump e a história inventada de que Fátima Bernardes teria elogiado Lula por enfrentar medidas de Trump.

Conclusão

O vídeo que circula sobre Lula supostamente tirar o Brasil do SWIFT, abandonar o dólar e “humilhar Trump” é completamente falso. O país segue integrado ao sistema internacional de transferências, o dólar continua sendo utilizado em larga escala no comércio e não há registros de qualquer recusa diplomática a autoridades norte-americanas. O que circula é mais uma fake news que visa exaltar Lula e se espalhou online.

Fake news ❌

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Anti Fake News,

Last Update: 05/09/2025