William McNeil Jr. é o nome do homem negro que vemos nestas imagens chocantes, gravadas em fevereiro em Jacksonville, nos EUA, e só agora divulgadas.
Ele foi parado pela polícia supostamente por estar com os faróis desligados. No vídeo o vemos explicar calmamente que não estava chovendo e outros motoristas também estavam com as luzes desligadas.
“Não interessa”, responde o policial. Mcneil Jr. então pede para saber qual lei embasa a abordagem e, após a negativa, outro agente quebra sua janela e começa uma sessão de espancamento. É possível ver pelo menos cinco policiais participando da agressão brutal. Pouco depois do linchamento, um policial alega ter encontrado maconha no bolso do rapaz.
O caso ganha repercussão poucos dias após o governo Donald Trump tentar interferir no julgamento de um policial que participou do assassinato da paramédica negra Breonna Taylor, em 2020, meses antes que a morte de George Floyd se tornasse o estopim para multidões de negros, brancos e latinos tomarem as ruas dos EUA contra o racismo e a violência policial.
Vários analistas e ativistas apontam que, de lá para cá, esse cenário pouco mudou. Apesar do discurso, o governo democrata de Joe Biden traiu as expectativas de quem esperava que, depois dos protestos de 2020, houvesse mudanças substanciais nessa área. Como era de se esperar, Trump vem retrocedendo nas políticas de controle federal sobre a violência policial. Aliás, ainda não esquecemos que Elon Musk, ainda quando era do governo, sugeriu que a pena do policial que asfixou George Floyd fosse revista.
Apesar de serem apenas 12% da população norte-americana, negros são quase 25% dos mortos pela polícia, segundo o Mapping Police Violence. Como se sabe, aqui no Brasil também são negros, indígenas e seus descentes, a maioria das vítimas da letalidade policial.
Isso mostra como o capitalismo em diferentes países se vale de forças repressivas racistas e anti-populares. Com o falso discurso da guerra às drogas, que nunca atinge os capitalistas do crime, espancam, invadem casas, prendem e matam.
Como escreveu James Baldwin refletindo sobre o racismo nos EUA: “Ele não era o preto de ninguém. E isso é um crime na porra deste país livre. Supõe-se que você seja o preto de alguém. E se você não for o preto de alguém, então você é um preto mau”. Isso não vale só para lá.
A luta contra a violência policial deve ser dirigida contra a razão de ser dela: o capitalismo e o racismo que desumanizam trabalhadores e trabalhadoras, prejudicando o conjunto da nossa classe. Nossas vidas só valem se puderem ser exploradas pelos ricos e é fundamentalmente para isso que a minoria capitalista está muito bem-organizada para nos manter na linha.
Precisamos nos organizar também para mostrar que não temos donos, nem aceitamos mais os grilhões que, no fim das contas, são a única coisa que temos a perder quando derrubarmos a porra deste sistema.