Comentário ao post: “É a política, estúpido!, por Luís Nassif“
É a colônia, estúpido!, por Antonio Uchoa Neto
É o que eu sempre digo: Eles nos toleram.
Até que…deixam de nos tolerar.
Eles=Binômio Bancos/Corporações.
Seu numeroso séquito de áulicos e moleques de recado (Congresso, judiciário, Mídia, etc.) já estão colocando as manguinhas de fora.
Filme já visto.
E não venham me dizer que isso é pessimismo rasteiro, aquela coisa de “ah, sempre foi assim”, “não vai mudar nunca”.
Isso é reconhecer que a estrutura sobre a qual está montado o jogo político nessa ex-colônia não permite que se tente alterar suas premissas básicas, sejam elas políticas, sociais, econômicas, ou quaisquer outras.
Lula acredita que é possível atuar, nas entranhas do monstro, e alterar-lhe a estrutura (praticamente impossível) e o funcionamento (mais factível, mas igualmente pouco realizável), no que eu chamo de política da migalha (Marcos, 7, 27-28). Não é. Esse tipo de abordagem leva apenas ao esgotamento da paciência de certos operadores dessa estrutura. Até otimistas empedernidos como o Nassif já estão vendo a casca do ovo da serpente rachar. ‘Sempre foi assim’, ‘não vai mudar nunca’, porque, se não atacar a estrutura, o molde colonial que nos engessa, nada muda, e não porque tenhamos vocação para a inércia ou o pessimismo inato e paralisante.
A esquerda (sic) está até hoje parada, e enfeitiçada, na frase do Lampedusa. Que é uma visão aristocrática do processo político conduzido pela burguesia (Revolução Francesa) sob os auspícios da parcela razoavelmente perceptiva das antigas classes dominantes, a saber, a aristocracia fundiária que soube reconhecer o progresso inevitável (Capitalismo), e não ficou lutando contra ele, mas procurou deixar-se carregar pela sua correnteza, donde o slogan, que mude para permanecer a mesma coisa.
Os progressistas (diga-se, reformistas) tomaram isso como palavra de ordem.
E julgam poder, dentro desse sistema, alterar alguma coisa nele.
Ninguém abandona uma posição de poder por vontade própria, ou por sermão, ou, por súbita tomada de consciência. Ninguém abandona uma posição de poder, e ponto. A menos que…mas, esqueçam. Lula não é homem de ruptura.
A primeira medida prática da tolerância deles ainda mede-se, hoje, por Lula 1 e 2, e Dilma 1,5. 14 anos. Até que durou bastante. Allende, no Chile, chegou à metade de seu mandato. Essa é a medida; mera correção de rumo.
Getúlio II, Juscelino, Jango, Lula. Não é pessimismo, repito; é desânimo com nossa incapacidade de mudar os rumos da nossa própria nação. Ex-colônia, digo. Ex?
PS- Essa foto de Ricardo Stuckert é comovente. Mas me lembra de duas coisas desagradáveis: um amigo meu, que dizia que ‘povo’ é uma ilusão de alguém que viu a foto de uma multidão, e o Novo Testamento, que descreve a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, cercado pelo povo, o mesmo povo que, pouco depois, nada fez diante de Pilatos, enquanto ouvia os fariseus gritando: “Crucificai-o!”. Qualquer semelhança…
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