
Cardeais que participarão do conclave no Vaticano receberam um dossiê secreto com 20 nomes de possíveis papas. Segundo relatos, o material foi impresso em alta qualidade e encadernado, o que chamou a atenção de alguns religiosos pela sofisticação. A intenção seria influenciar o voto dos cardeais que entrarão na Capela Sistina no dia 7 de maio para escolher o sucessor de Francisco.
“Eu pensei que ia encontrar a minha biografia ali, mas graças a Deus não a encontrei”, comentou um dos cardeais ao falar sobre a lista para o Estadão. Outro afirmou que o documento pareceu mais com uma “totopapa”, uma espécie de loteria papal, indicando quem estaria mais exposto e cotado para assumir o comando da Igreja Católica.
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, aparece entre os nomes do dossiê. Ele também foi alvo de rumores recentes sobre seu estado de saúde, desmentidos oficialmente pela Santa Sé. “É tanta bobagem…”, disse um cardeal, incluindo o episódio de uma imagem publicada por Donald Trump com vestes papais nas redes sociais.
Segundo um dos cardeais, o esforço para influenciar o conclave parte tanto de fora quanto de dentro da Igreja. “Tem influências internas que buscam de alguma forma criar uma atmosfera que não ajuda. Gente com saudade de um tempo que não existe mais”, disse. “O tempo não para. E nós também não podemos parar no tempo”.

As manobras pré-conclave geram desconforto entre setores progressistas e extremistas da Igreja. “Seja num sentido ou no outro. Os que querem ir avante e pedem coragem. O espírito de Deus é que age sobre nós. Se perdemos a dimensão da fé, vamos fazer outra coisa”, declarou um cardeal.
Apesar do clima tenso nos bastidores, os cardeais mantêm o discurso de harmonia em público. “É um desafio que estamos enfrentando com alegria”, disse o cardeal-arcebispo de Brasília, d. Paulo Cezar Costa. Ele acredita que o novo papa deve ter perfil “conciliador” e ser alguém que fale “ao ser humano de hoje”.
Outro brasileiro, d. Odilo Scherer, comentou que os cardeais já vêm refletindo sobre seus votos há algum tempo. “Não é de agora que eles estão pensando em quem votar”. Para ele, isso limita o impacto de ações como a do dossiê.
D. Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, também defendeu o ambiente de unidade entre os cardeais. “É muito bonito nesses dias poder colher as diversas manifestações, compreensões distintas, mas ao mesmo tempo o desejo de cooperar para buscar a unidade. E que seja a pessoa certa para o tempo certo”.
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