Ronald é aquele icônico personagem do McDonald’s, que vez ou outra ressurge em campanhas e assombra pais, crianças e cardiologistas. Desta vez, quem deu um safanão em Ronald foi Donald — não o da Disney, mas o do Salão Oval. Dados recém-divulgados mostram que os consumidores reduziram seu apetite e o fast food perdeu vendas.
No primeiro trimestre, as vendas do McDonald’s nos EUA caíram 3,6%. No mundo, a queda foi de 1%. Em reunião com acionistas, a empresa informou que a menor frequência atingiu principalmente as camadas populares, para quem os famosos sanduíches são uma opção prática, barata e calórica. A receita global recuou 3%, assim como o lucro líquido, ainda robusto: 1,9 bilhão de dólares no período.
O McDonald’s, potência global em marketing e penetração, tem 60% dos negócios fora dos EUA. No Brasil, as políticas tarifárias de Trump ecoaram no noticiário, mas não alteraram o comportamento de compra. Diferente do que ocorreu no Canadá e na Europa, onde o impacto das tarifas gerou discussões acaloradas e estimulou boicotes a marcas associadas aos EUA.
Nos Estados Unidos, o apelo do McDonald’s ainda repousa no preço: é possível fazer uma refeição por cerca de 5 dólares — barato o suficiente para sustentar o consumo entre os mais pobres. Ainda assim, para famílias que encaram a visita ao fast food como um momento de lazer, a percepção de “indulgência” pesa. Já no Canadá, Ronald virou, aos olhos de alguns, uma extensão de Donald, e o boicote foi mais simbólico: não contra o produto, mas contra o que a marca passou a representar.
Mais comida no prato
A Associação Brasileira de Supermercados divulgou que, em março, o consumo dos lares brasileiros cresceu 6,96% em relação ao mês anterior e acumulou alta de 2,48% no trimestre, na comparação com 2024.
Segundo a entidade, a melhora é puxada pela recuperação do emprego, pela queda de preços em itens da cesta básica e pela realização tardia do Carnaval, que “esticou” o verão e impulsionou o consumo de cervejas, refrigerantes, embutidos e outros produtos típicos da estação.
A entrada de dinheiro extra também ajudou. Entre os recursos liberados, destacam-se os 12 bilhões de reais do Saque-Aniversário do FGTS, a distribuição do Programa Pé-de-Meia e o reajuste dos servidores públicos federais (estimado em 17,9 bilhões). Somam-se ainda 73,3 bilhões da antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas, pagos entre abril e junho. No total, as famílias receberam um reforço de 91,2 bilhões no período.
Preparando o espeto
O preço da carne bovina recuou no primeiro trimestre, com destaque para março: os cortes traseiros caíram 1,86% no acumulado e 3,40% só no mês. O corte dianteiro recuou 1,28%. O movimento sinaliza uma correção após a disparada de preços no final de 2024, causada por queimadas, aumento das exportações e pressão da demanda interna.
Feijão (-4,77%), arroz (-3,91%) e óleo de soja (-4,77%) também registraram quedas. Mas nem tudo são boas notícias: o ovo disparou 31,70% no trimestre, e o café, 30,04%. Também subiram os preços do frango congelado (+2,86%), da margarina cremosa (+2,55%), do leite em pó integral (+2,49%), do refrigerante pet (+2,18%), do sal (+1,99%), do extrato de tomate (+1,63%), da farinha de mandioca (+1,21%) e do leite longa vida (+0,70%).
Com essas variações, o valor médio da cesta AbrasMercado — composta por 35 produtos de largo consumo — fechou o primeiro trimestre de 2025 em 812,54 reais, uma alta de 2,26%.