O ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) antes do golpe de 1964, Aldo Arantes, em entrevista ao jornalista Luis Nassif, do canal TV GGN, discorreu sobre seu novo livro, “Domínio das Mentes, do golpe militar à guerra cultural”.

A obra analisa a ascensão da extrema direita no Brasil e no mundo, argumentando que, diferentemente do passado em que golpes militares eram o método de tomada de poder, hoje a direita radical conquista espaço através da manipulação ideológica e da influência nas mentes da população. Arantes enfatiza que esse processo se desenvolveu gradualmente, impulsionado pela consolidação de ideias neoliberais e anticomunistas, e ganhou uma nova dimensão com o advento das redes sociais e a mineração de dados pelas grandes empresas de tecnologia.

Segundo Arantes, a esquerda brasileira subestimou historicamente a importância da luta ideológica, que ele considera decisiva. Ele se baseia nas ideias de Gramsci e Raymond Williams para explicar como essa batalha se manifesta atualmente, tocando mais nos sentimentos do que na razão, explorando o ódio e a violência. O autor aponta que a extrema direita soube utilizar as redes sociais para disseminar suas ideias, de forma similar a como se vendem produtos, e que a eficácia da desinformação (“fake news”) se tornou extremamente poderosa através dos algoritmos que identificam e reformulam a mentalidade dos usuários, criando realidades paralelas.

Arantes traça um panorama histórico da direita brasileira, desde o fascismo de Plínio Salgado até o “neofascismo” de figuras recentes, com forte base nos militares. Ele menciona tentativas de golpe anteriores e a efetivação do golpe de 1964, que teria liquidado as forças nacionalistas e democráticas nas Forças Armadas. O autor também destaca a aliança dessas forças com o empresariado, que se articulou fortemente a partir da Constituinte de 1988, e o papel crescente dos evangélicos, influenciados por concepções conservadoras dos Estados Unidos. Arantes relata um memorando de John Rockefeller alertando para a influência da Teologia da Libertação na Igreja Católica, o que teria incentivado o apoio a igrejas evangélicas no Brasil.

Para contrapor essa guerra cultural, Arantes propõe o que ele chama de “luta ideológica democrática”, baseada no diálogo e na discussão com setores da sociedade passíveis de serem conquistados para o pensamento democrático. Ele critica a incapacidade da esquerda de entender e reagir efetivamente a essa disputa no campo das ideias. O autor defende a necessidade de os setores progressistas apresentarem um discurso alternativo ao da extrema direita em diversas áreas, como economia, direitos humanos e soberania nacional. Ele ressalta que essa disputa se dá no nível das concepções de mundo, indo além de questões de comunicação do governo.

Arantes considera o ex-presidente Lula a principal referência da esquerda e fundamental para enfrentar o cenário político complexo, marcado por um Congresso conservador, oposição de muitos governadores, grande parte da mídia contrária e a influência de setores empresariais, evangélicos e das Forças Armadas. Ele apela para a necessidade de mobilização dos movimentos sociais e partidos políticos, reconhecendo que a esquerda também precisa “dar a volta por cima” e renovar suas ideias diante do avanço do pensamento neoliberal e da extrema direita. O autor enfatiza a urgência de se concentrar na luta de ideias para reconquistar setores da sociedade e alterar a correlação de forças, visando não só a eleição de Lula, mas também a eleição de senadores e deputados que permitam a aprovação de medidas mais progressistas.

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Last Update: 18/04/2025