Os irmãos Ribeiro estão presos desde março, acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Fernanda Mendes

Em depoimento nesta terça-feira (16) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, no processo que analisa o pedido de cassação de mandato do deputado João Ribeiro (sem partido-RJ), seu irmão, Luís Ribeiro, afirmou que os dois são vítimas de uma conspiração. Segundo o depoente, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, policiais forjaram um dossiê falso para incriminar os dois.

“Há um policial federal e dois ex-policiais civis que receberam vantagens de um certo indivíduo, do ex-vereador Leonardo Silva, para me incriminar”, disse Luís Ribeiro.

Os irmãos Ribeiro estão presos desde março, acusados de serem os mandantes da execução da vereadora do Rio de Janeiro Fernanda Mendes e de seu motorista, José Silva, em 2018.

Em seu depoimento, João Ribeiro não apenas disse que tinha uma relação “maravilhosa” com Fernanda Mendes quando atuaram juntos na Câmara de Vereadores no Rio, como também assegurou ser vítima no processo que investiga a morte da vereadora.

“Não estamos envolvidos em nada. Somos vítimas de acusação de um réu confesso para obter benefícios, não sabemos nem por quê, ele está provavelmente protegendo alguém”, disse João Ribeiro.

Testemunhas de Defesa

As testemunhas de defesa e o advogado do deputado adotaram como estratégia tentar desfazer a possível relação do parlamentar com grupos milicianos fluminenses.

Ao questionar o ex-vereador Carlos Alberto Lavrado Cupello (conhecido como Tio Carlos), o advogado de Ribeiro afirmou que está implícito no processo de cassação do deputado que, para entrar nas comunidades onde o político tem sua base eleitoral, na Zona Leste do Rio, “é preciso pertencer a milícias”.

Carlos Alberto Cupello, testemunha de defesa, sustentou que essa afirmação não se confirma. Para a testemunha, o fato de outros políticos terem votos na mesma área, inclusive de partidos de esquerda, demonstra que essa afirmação não faz sentido.

Ele argumentou que, na eleição de 2018, por exemplo, o ex-deputado federal Marcelo Freixo, na época no Psol, foi o mais votado na localidade chamada Praça Seca, e o terceiro colocado foi Alessandro Molon, que era candidato pelo PSB naquele ano. A Praça Seca fica na Zona Leste.

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ), argumentou que, embora haja sim controle das milícias sobre esses territórios, ele não é absoluto. Ainda assim, ressaltou que a família Ribeiro teve votação muito mais expressiva que os candidatos na esquerda na região.

“Luís Ribeiro, também disputando o cargo de deputado estadual, teve 41,79%, e o Freixo, 4,9%. Então, há diferença muito expressiva, em termos de votação nesta área”, disse Alencar.

Todas as testemunhas que prestaram depoimentos, assim como os acusados, negaram veementemente qualquer relação com o assassinato de Fernanda Mendes e José Silva. Luís Ribeiro, inclusive, foi taxativo ao dizer que nunca conheceu a vereadora.

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Última Atualização: 17/07/2024