Ibovespa fechou em queda após acordo que substitui o aumento do IOF por novas tributações, gerando tensão nos setores financeiro e imobiliário


O dólar e a Bolsa de Valores brasileira tiveram um dia de altos e baixos nesta segunda-feira (9), influenciados pelo anúncio do acordo entre o governo federal e o Congresso para substituir o aumento do IOF por outras medidas tributárias. A moeda norte-americana fechou em queda de 0,14%, cotada a R$ 5,56, após atingir R$ 5,60 durante o pregão. Já o Ibovespa, principal índice da B3, recuou 0,30%, encerrando o dia em 135.699 pontos, depois de cair mais de 1,46% no início da sessão.

A volatilidade foi impulsionada pela divulgação das novas medidas fiscais, anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite de domingo (8/6). O pacote prevê a taxação de instrumentos financeiros antes isentos de Imposto de Renda, como LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas, o que gerou reações negativas nos setores financeiro e imobiliário.

Falta de cortes de gastos preocupa investidores

Alexsandro Nishimura, economista da Nomos, destacou que o mercado reagiu com ceticismo à ausência de medidas estruturais de ajuste fiscal. “O governo perdeu mais uma chance de apresentar um plano fiscal minimamente estruturante. A substituição do aumento do IOF por medidas arrecadatórias de curto prazo não responde à principal crítica do mercado, que é a falta de cortes de gastos”, afirmou.

Arthur Barbosa, da Aware Investments, reforçou a preocupação com a sustentabilidade das contas públicas. “As medidas continuam concentradas no aumento de receitas, sem avanços no controle de despesas. Isso intensifica as dúvidas sobre o cumprimento da meta fiscal de 2025”, disse. O Boletim Focus desta segunda-feira já projeta um déficit primário de -0,60% do PIB, acima do limite de tolerância de -0,25%.

Setor bancário e imobiliário entre os mais afetados

A proposta de taxar investimentos antes isentos impactou especialmente os bancos e as empresas do ramo imobiliário, que lideraram as quedas no Ibovespa. Apenas algumas ações, como a da Gerdau, registraram alta, impulsionadas por recomendações positivas de analistas internacionais.

No cenário externo, as atenções se voltaram para as negociações entre EUA e China, que ainda não resultaram em avanços concretos. Além disso, sinais de desaceleração na economia chinesa pressionaram os preços do minério de ferro, limitando uma possível valorização do real.

Perspectivas para os próximos dias

Com a frustração do mercado em relação à falta de um plano fiscal mais robusto, analistas não descartam que o Banco Central possa reconsiderar novos aumentos na taxa Selic nos próximos meses, revertendo a expectativa recente de manutenção ou queda dos juros.

Enquanto isso, os investidores seguem atentos aos desdobramentos políticos e às negociações no Congresso, que podem definir os rumos da economia brasileira nos próximos meses.

Com informações de Metrópoles*

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Last Update: 10/06/2025