Os preços das ações despencaram desde a imposição tarifária anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, ao mesmo tempo em que os rendimentos do Tesouro norte-americano aumentaram de forma substancial – toda essa conjuntura poderia fazer com que a cotação do dólar disparasse, mas não foi o que aconteceu.

Na realidade, a cotação do dólar caiu pela maior margem dos últimos quatro anos e, segundo o ex-chefe de finanças internacionais do Federal Reserve, Steven Kamin, a turbulência foi diretamente afetada pela eventual “reconsideração por parte de investidores globais sobre o desempenho e a gestão da economia americana e do dólar”.

Em artigo publicado no jornal britânico Financial Times, Kamin – atual membro sênior do American Enterprise Institute – lembra que mais da metade de todo o comércio internacional é precificado e faturado em dólares, e quase 60% das reservas internacionais são expressas em dólar, embora o PIB dos EUA represente cerca de um quarto da renda mundial.

Em linhas gerais, a predominância do dólar é decorrente da força e do dinamismo econômico norte-americano, aliado a fatores como a estabilidade do Estado de Direito e das relações de cooperação com seus aliados.

Porém, o economista alerta que, se os EUA abandonarem tais pontos, aderindo a políticas comerciais e fiscais “imprudentes” e minando o apoio às instituições globais, isso pode servir de incentivo para uma busca a alternativas ao dólar.

“Esse processo já está em andamento? Ainda é cedo, mas a turbulência financeira em torno dos anúncios caóticos de tarifas de Trump, e especialmente a alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro combinada com a queda do dólar, não é um bom sinal”, explica o articulista.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 14/04/2025