O samba como conhecemos hoje teve origem no Recôncavo Baiano. E o longa-metragem O Samba Antes do Samba, de Paulo Alcoforado, faz essa conexão de forma bastante marcante.
O documentário registra o encontro entre o cantor e compositor Roberto Mendes, de Santo Amaro da Purificação (BA), e Graci Mary Moreira da Silva, bisneta de Tia Ciata, personagem central no samba no Rio de Janeiro.
Após estrear, ainda neste mês, no festival Panorama Internacional Coisas do Cinema, na Bahia, haverá uma sessão neste sábado 26, às 18h40, na Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana), em São Paulo.
Estudioso das tradições do Recôncavo, Mendes conduz Graci por uma jornada musical que evidencia as raízes do samba. Tia Ciata, nascida em Santo Amaro, mudou-se para o Rio no início do século passado, onde organizava encontros que foram fundamentais para o surgimento do samba urbano carioca.
O filme se desenrola a partir das conversas entre os dois personagens, com Mendes apresentando a Graci o samba chula — mais conhecido como samba de roda — matriz direta do samba carioca.
Em seu auge, o longa exibe cenas de uma roda de samba chula no Quilombo de São Braz, em Santo Amaro. A religiosidade ancestral, os músicos, as sambadeiras e as músicas — de trabalho, lúdicas e filosóficas — compõem um retrato vigoroso das origens musicais do país.
Em outro momento, Roberto Mendes encontra Seu Jurandi, violonista que domina a técnica percussiva conhecida como “percussão ferida”, típica da região. O próprio Mendes também é praticante do estilo.
A produção artesanal do óleo de dendê por uma comunidade local, mostrada no filme, também reforça a força das tradições do Recôncavo.
Originalmente, O Samba Antes do Samba é uma composição de Roberto Mendes e Jorge Portugal gravado no disco Na Base da Cabula (2019) do artista santo-amarense. O título é também nome de um projeto recente que Mendes fez mostrando a riqueza musical do Recôncavo.
No fundo, tudo se comunica para reforçar que a identidade musical brasileira pulsa forte nas bandas do Recôncavo — e segue viva, apesar de tudo.