Durante anos, a gestão de muitos microempreendedores no Brasil se baseou em cadernos e contas feitas de cabeça. Mas esse cenário está mudando com rapidez.
Cada vez mais, os MEIs adotam ferramentas digitais para controlar vendas, fiado, estoque e até mesmo divulgar seus produtos pela internet. O celular passou a ser o principal instrumento de gestão.
Tecnologia entre MEIs bate recorde
De acordo com a pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com o IBGE, 76% dos microempreendedores individuais já usam ferramentas digitais. É o maior índice registrado desde o início da série histórica.
As plataformas mais usadas incluem aplicativos, redes sociais e serviços de mensagens, que ajudam tanto na venda quanto na administração do negócio.
App muda a rotina de empreendedores
Um exemplo dessa digitalização é o aplicativo Jarbas, criado pela empresa de tecnologia em nuvem Wevy. Voltado para MEIs, o app oferece controle de vendas, estoque, cadastro de clientes, gestão financeira e catálogo virtual.
Clícia Esteves, dona de uma marca de pimentas e conservas, conta que o uso do aplicativo fez diferença no dia a dia. “Estava perdendo vendas porque não estava com o caderno. Com o Jarbas, anoto na hora, de onde estiver. É tudo muito organizado”, relata.
Perfil do microempreendedor digital
A Wevy realizou uma pesquisa com 128 usuários do Jarbas para entender suas rotinas e necessidades. O levantamento mostrou que 59% são empreendedores em tempo integral. Os demais conciliam o negócio com emprego formal ou outras atividades.
As áreas mais comuns são alimentos, vestuário e cosméticos. As funções mais utilizadas no aplicativo incluem controle de pedidos, controle de estoque, cadastro de clientes e finanças.
Catálogo virtual
Uma funcionalidade que tem se destacado é o catálogo virtual. Muitos usuários optaram por assinar a versão paga para divulgar seus produtos online. Essa prática reduz perdas por falta de divulgação e amplia o alcance de vendas.
Segundo o Mapa de Maturidade Digital 2024, desenvolvido pelo Sebrae e pela ABDI, os MEIs brasileiros atingiram 31 pontos em uma escala de 0 a 80, indicando avanço constante na digitalização.
Organização e mais segurança
Valdeci Costa, da Vitória Cosméticos, é outro usuário satisfeito. “A gente vem gostando muito do programa. É acessível, organiza vendas, entradas e pagamentos. Funciona bem mesmo à distância”, explica.
Para Costa, a principal vantagem é a segurança. “Ter uma ferramenta assim nos dá tranquilidade. Somos pequenos e autônomos. A tecnologia melhora a nossa forma de trabalhar.”
Expectativas para 2025
A pesquisa com os usuários do Jarbas também revelou metas para este ano. Entre os principais objetivos estão abrir uma loja física, vender mais online, organizar melhor o negócio e alcançar novos clientes. Essas metas estão alinhadas com os dados do Sebrae em parceria com a FGV.
Segundo o estudo, 60% dos MEIs pretendem investir em seus negócios em 2025. As prioridades incluem a compra de máquinas, equipamentos e melhorias nas instalações. No setor de serviços, metade dos entrevistados quer aprimorar o marketing. No comércio, quase 40% planejam lançar novos produtos.
Digitalização ligada à inovação
O Mapa de Maturidade Digital 2024 mostra que 49% dos pequenos negócios lançaram novos produtos ou serviços por canais digitais. Plataformas como WhatsApp, Instagram e Facebook foram as mais usadas. Esse dado reforça que a digitalização tem impacto direto na inovação.
Protagonismo com ferramentas simples
Atualmente, o Brasil tem mais de 15 milhões de MEIs ativos, segundo o Portal do Empreendedor (2025). A formalização continua crescendo, impulsionada pela busca por autonomia financeira.
Para Tiago Garbim, CEO da Wevy, ouvir os usuários é essencial. “Entender as dores e os sonhos dos nossos clientes é o que guia nossas decisões. A tecnologia tem que ser útil, simples e acessível”, afirma.
Crescimento com mais controle
Ferramentas como o Jarbas estão substituindo cadernos e planilhas improvisadas, permitindo que microempreendedores tenham mais visão sobre o negócio. Com organização, mesmo os menores negócios conseguem melhorar a gestão e expandir as vendas.
Seja vendendo roupas pelo WhatsApp, bolos no bairro ou cosméticos via catálogo digital, os MEIs brasileiros estão mostrando que a tecnologia pode ser o primeiro passo rumo ao crescimento.