O deputado estadual Requião Filho trocou de partido em um movimento que tem como objetivo declarado pavimentar o caminho de uma candidatura ao governo do Paraná em 2026.
Após um período conturbado no PT, ele recebeu autorização judicial para deixar a sigla sem perder o mandato e escolheu o PDT como sua nova casa. Em conversa com CartaCapital, explicou suas motivações e o que pesou na escolha da nova sigla.
“Entrei no PDT já colocando algo de maneira bem clara: entro, mas entro querendo a oportunidade de disputar a convenção para que a gente tenha candidatura própria [ao governo do Paraná] e apresente uma proposta”, afirmou.
“O que me aproxima do PDT é a ideia de que a gente pode, assim como o Brizola queria, construir um plano de desenvolvimento e progresso para o Paraná, como ele quis para o Rio Grande do Sul, parao Rio de Janeiro e para o Brasil.”
Requião Filho também analisou na entrevista sua saída ‘pela porta dos fundos’ do PT. “A minha permanência se tornou insustentável, porque eu não sou dado a ser cordeiro, a ser gado. Eu estava tecendo críticas muito pesadas aos erros do governo federal e do partido, e eles queriam me calar.”
“Saio do partido para poder continuar defendendo as minhas bandeiras. É uma coisa que eu sempre disse: é muito importante na política a coerência entre o discurso e a prática — e o PT no governo federal está muito distante na prática do seu discurso”, alegou.
O pai do deputado, Roberto Requião, ex-senador e ex-governador do Paraná, também se desfiliou do PT por motivos semelhantes. Diferentemente do filho, porém, não anunciou sua nova legenda. O PDT é uma possibilidade.
E como superar os favoritos?
Requião Filho não se furtou a explicar como pretende superar os nomes que despontam, neste momento, como favoritos governo em 2026. O principal adversário é Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato e atual senador filiado ao União Brasil. Ele aparece com quase 40% das intenções de voto em pesquisa recente. Requião Filho, por sua vez, tem cerca de 20% e empata tecnicamente com Beto Richa (PSDB) e Rafael Greca (PSD) nos cenários monitorados.
Para o deputado, no entanto, a candidatura de Moro tende a ruir com a aproximação da votação.
“O Paraná não vota em Sérgio Moro nessas pesquisas, ele vota em uma ideia de combate à corrupção e em uma pessoa que se diz apolítica”, avalia. “Acredito que essa ideia pode ser facilmente desconstruída em um debate, mostrando quem é Moro, o que ele conhece da coisa pública e como ele atuou no Senado.”
“Isso vai ser um debate muito interessante que pode e deve ser feito aqui no estado. Porque se começarem esse debate de esquerda e direita, de ‘você é Bolsonaro ou você é Lula?’, a gente puxa de volta para a realidade das pessoas e fala : ‘tá bom, sem o mimimi, qual é a sua proposta? O que você tem como solução para este problema?’. E explica por que a solução dele não funciona.”
Requião Filho também minimiza o potencial de uma eventual aliança de Moro com o governador Ratinho Jr. (PSD) ou com Jair Bolsonaro (PL). O trio já foi próximo, mas se distanciou desde a saída do ex-juiz do governo do ex-capitão. O desempenho de Moro nas pesquisas, porém, tende a afunilar as candidaturas da direita e desaguar em uma reaproximação. Para o pedetista, por sua vez, a aliança só enfraqueceria ainda mais o ex-juiz da Lava Jato.
“Seria a união que mostra que esse povo não tem bandeira política, não tem ideologia e não tem nenhum projeto a não ser o projeto de poder”, diz. “Seria uma união de todos os desinteresses públicos de um lado só, uma corja e não uma frente política.”
Para Requião Filho, a união também seria uma espécie de traição de Moro aos seus eleitores, assim como uma traição de Bolsonaro e Ratinho à extrema-direita. “E a política aceita tudo, menos o traidor e a traição”, ironiza.

Sergio Moro, Jair Bolsonaro e Ratinho Jr.
Foto: Marcos Corrêa/PR
Ele aposta, ainda, em uma independência em torno de sua própria figura como ponto favorável ao seu pleito de ser governador. “Eu não sou o candidato do Planalto, nem do governo do estado e muito menos da classe política. E graças a Deus por isso.”
Eleições nacionais
Em outro trecho da entrevista, Requião Filho abordou o que pensa sobre algumas das potenciais candidaturas presidenciais.
Sobre Lula (PT), por exemplo, defendeu que o PDT, seu novo partido, se afaste.
Já sobre Ratinho, seu conterrâneo que não esconde o desejo de se lançar ao Planalto, optou pela ironia: “adoraria vê-lo candidato”.
“Seria interessantíssimo saber a opinião do meu governador sobre qualquer coisa, porque em qualquer polêmica que temos no Paraná ou no Brasil o governador se cala”, brincou.
Assista à íntegra da entrevista de Requião Filho ao canal de CartaCapital: