Como já se esperava, as manifestações do dia 7 de setembro foram dominadas pela direita. Enquanto a esquerda colocou meia dúzia de gatos pingados na rua, a direita, segundo as estimativas mais baixas, colocou 42 mil pessoas apenas na Avenida Paulista.
É fácil de explicar o porquê do fracasso da esquerda. Foco em pautas identitárias, ausência de medidas econômicas de impacto, e defesa da democracia em abstrato, fazem com que o seu discurso seja pouco apelativo.
A falta de coerência entre o que se fala e o que se faz é algo que repele as pessoas, e tem sido o mote da esquerda atualmente, com exemplos em abundância. Quem não lembra de Guilherme Boulos, o suposto revolucionário do PSOL, fazendo live com Pablo Marçal para conseguir votos da extrema-direita e defendendo o aumento do efetivo da Guarda Civil Metropolitana em São Paulo? Quem não lembra de Fernando Haddad prometendo baixa na taxa de juros após Campos Neto sair do Banco Central? Apenas manés pequeno-burgueses se deixam enfeitiçar por tais manobras.
Não adianta prometer mudanças substanciais e, ao mesmo tempo, recorrer ao sistema para se salvar. Apoiar os órgãos repressivos do Estado através da palavra de ordem “sem anistia”, como fez a esquerda no 7 de setembro, é uma desmoralização. O povo brasileiro, com razão, não acredita nas instituições nacionais, muito menos nos juízes do STF. Apelar a isso não vai mobilizar ninguém. Também não vai mobilizar ninguém a falsa defesa da soberania nacional. Quem vai acreditar que se está defendendo o país quando ao mesmo tempo se negocia terras raras?
O povo vê essa hipocrisia e torce o nariz. Enquanto isso, a direita critica tudo com ares radicais e coopta a indignação popular. Quando uma ditadura ainda mais feroz for instaurada, nem o STF, nem Boulos, nem Haddad vão vir em nossa defesa.