Os partidos de direita gastam mais que o dobro do que os de esquerda com verbas parlamentares. A constatação é de um levantamento inédito do cientista político e historiador Carlito Neto, que sistematizou dados públicos da Câmara dos Deputados no aplicativo “De Olho no Congresso”, prestes a ser lançado. A proposta visa permitir que qualquer cidadão consulte, em poucos cliques, os gastos de cada parlamentar.
“A direita adora discursar sobre cortar gastos, mas é ela quem mais torra o dinheiro público. Hoje, para saber quanto gastou com passagem, você tem que passar por um labirinto no site da Câmara. A ideia é facilitar o acesso e transformar cada brasileiro em um fiscal do dinheiro público”, explicou Carlito Neto, em entrevista à TV GGN [confira abaixo].
De Olho no Congresso
A expectativa é de que o aplicativo De Olho no Congresso seja lançado ainda neste mês. O objetivo, segundo Carlito, é expor a hipocrisia de quem pede corte no Bolsa Família enquanto voa de primeira classe com o dinheiro do povo. “Não vamos lançar com erro, porque eles vão usar isso para descredibilizar a ferramenta. Mas em breve o povo vai poder ver quem gasta, com o que, e quanto”, garantiu.
No levantamento, Carlito comparou os quatro principais partidos de direita (PL, Republicanos, PP e União Brasil), com quatro siglas da esquerda (PT, PSB, PDT e PSOL). “Até o momento, em 2025, os partidos de direita gastaram R$ 53.773.773,10 com cota parlamentar. Já os partidos de esquerda gastaram R$ 22.375.504, menos da metade”.
Outro ponto destacado pelo cientista é o uso do termo “centro” como verniz de “moderação”. Para ele, essa tentativa de se apresentar como força neutra já não engana mais ninguém, sobretudo quando serve apenas para maquiar uma atuação que, na prática, atende aos interesses da elite e se volta contra a população mais pobre.
“Centrão não é centro. É direita que bate no pobre 90% do tempo. Esses 10% que eles dizem que não estão batendo é justamente quando estão articulando para continuar batendo com mais força depois. O bolsonarismo moderado é aquele que só tortura, mas não mata. Talvez o Tarcísio seja só machista, e não misógino. Só racista, e não transfóbico”, ironiza.
A hipocrisia, segundo Carlito, se estende ao discurso de “austeridade fiscal” adotado por parlamentares que acumulam gastos escandalosos com benefícios pessoais. Como exemplo, citou Ciro Nogueira (PP), Arthur Lira (PP) e Hugo Motta (Republicanos), que, juntos, gastaram R$ 566 mil apenas com três despesas pontuais em 2025, entre jatinhos, passagens e redes sociais. “Esse valor dava para manter mil famílias no Bolsa Família por um mês. A direita quer BBB de imposto: bilionários, bancos e bets de fora”.