O Comitê Central Nacional (CCN) do Partido da Causa Operária (PCO) realizou sua reunião ordinária do mês de março nessa segunda-feira (24). O encontro aconteceu na cidade de São Paulo e durou o dia inteiro.

Um integrante da Direção do PCO informou a nossa equipe que a reunião discutiu, entre outros temas, a situação política nacional e a situação política internacional, a campanha em defesa da Resistência Palestina e medidas organizativas acerca do trabalho ao redor do País.

No plano internacional, a discussão teve como centro o problema da luta contra o imperialismo. Segundo a avaliação do CCN, houve, no último período, um deslocamento das forças ditas revolucionárias para a direita, no sentido de sustentar o imperialismo rotulado como “democrático”. A manifestação mais clara dessa tendência estaria em um artigo escrito recentemente por Valério Arcary, dirigente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que falou que trotskismo é se colocar no terreno da burguesia liberal contra o fascismo.

De acordo com a Direção do PCO, colocar-se no terreno da burguesia liberal é colocar-se no terreno do imperialismo. A discussão apontou que é preciso analisar a ação dos líderes e governantes sob o ponto de vista das classes sociais, e não sob o ponto de vista da ideologia. Do ponto de vista das classes sociais, Donald Trump e Joe Biden não são a mesma coisa. Rigorosamente falando, nem Biden é um democrata liberal, nem Trump é um fascista. Biden é um representante da ditadura do grande capital, enquanto Trump representa a burguesia interna norte-americana, que, na atua etapa de profunda crise do capitalismo, se opõe à engrenagem fundamental do imperialismo.

De acordo com o integrante da Direção do PCO ouvido por este Diário, o debate sobre a situação política nacional teve como foco a ofensiva do imperialismo sobre o regime. No Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo vítima de um processo-farsa, mais grotesco que o julgamento do “Mensalão” e a Operação Lava Jato. Esse processo é parte de um plano geral do grande capital para tentar eleger, em 2026, um presidente que seja um capacho total do imperialismo. Alguém que, uma vez no Palácio do Planalto, seja capaz de levar adiante um governo como os de Fernando Collor de Mello (PTB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que foram impulsionados pelo imperialismo para implementar uma política econômica de terra arrasada. Enquanto o primeiro fracassou, o segundo conseguiu, em oito anos, realizar o pior governo da história do País, causando uma crise social tão profunda que matava 300 crianças de fome por dia.

Atualmente, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) parece ter sido o escolhido pela burguesia como um balão de ensaio para a operação. Neoliberal, capaz de liquidar o País a mando dos bancos, mas sem a independência política que goza Lula ou Bolsonaro, Tarcísio reúne várias características consideradas ideais para a burguesia na atual etapa.

Durante o debate sobre a situação política nacional, o CCN também discutiu a atual ofensiva contra o PCO, que vem do mesmo setor que hoje tenta colocar o núcleo do bolsonarismo na ilegalidade: o Judiciário. O Partido é vítima de um processo que visa a sua cassação por contas supostamente não prestadas – um expediente criado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para aumentar a sua ingerência sobre os partidos políticos.

Segundo fontes ouvidas por este Diário, a Direção do PCO elaborou um relatório que será tornado público acerca das ilegalidades do caso.

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Last Update: 25/03/2025