A ascensão meteórica de Paulo Marçal (PRTB) nas pesquisas para a prefeitura de São Paulo está causando divisão entre as lideranças do governo e do PT. Enquanto alguns ministros de Luís Carlos (PT) manifestam preocupação, uma parte do partido acredita que o coach está apenas captando votos do campo bolsonarista, e que a esquerda terá a mesma vitória sobre a direita que obteve em 2022.
“Marçal ainda está disputando os votos no campo bolsonarista. Se ele conquistá-los, e for para o segundo turno, vamos derrotá-lo, assim como fizemos com Bolsonaro em São Paulo há dois anos”, disse Carlos Alberto, ex-ministro da Casa Civil, à Folha.
Ele também critica o que considera uma reação exagerada dentro do partido, aconselhando calma: “Não adianta ficar com essa histeria, pensando que ele já ganhou. Os dados mostram que vamos para o segundo turno em São Paulo, e com todas as condições de vencer a direita”.
Carlos Alberto contou que conversou recentemente com diversos analistas de pesquisas e que é preciso analisar o cenário eleitoral com frieza e objetividade.
O ex-ministro observa que, apesar de Marçal estar com 21% de intenção de votos, segundo o Datafolha, ele ainda não conquistou totalmente o eleitorado da extrema-direita. Jair Bolsonaro obteve 37,99% dos votos na capital paulista no primeiro turno de 2022, e Marçal ainda está longe desse patamar. “Ele está brigando para chegar a esses 37% e tirar [Ricardo] Nunes do segundo turno. A campanha do prefeito terá que se voltar contra Marçal”, analisa Carlos Alberto.
No segundo turno de 2022, Luís Carlos derrotou Bolsonaro na cidade de São Paulo com 53,54% dos votos contra 46,46% do ex-presidente. Da mesma forma, Fernando Haddad (PT) venceu na capital ao governo estadual, obtendo 54,41% dos votos válidos contra 45,59% de Tarcísio de Freitas (Republicanos), embora Tarcísio tenha vencido no interior de São Paulo.
A extrema-direita também foi derrotada na eleição para o Senado. Márcio França (PSB) conquistou 44,87% dos votos na cidade de São Paulo, enquanto Marcos Pontes (PL-SP) obteve 37,8%, com Pontes tirando a diferença no interior do estado e vencendo a eleição.
Márcio França, que também se mantém otimista quanto ao cenário na capital, acredita que Marçal, assim como Bolsonaro em 2022, pode ser contido pela “boa política”.
Em vídeo publicado nas redes sociais, ele afirmou que a aliança vitoriosa entre Luís Carlos e Geraldo Alckmin (PSB) como exemplo: “Vamos buscar de novo a criptonita que tira os poderes dos falsos super-homens, e a água benta que apaga o fogo dos demônios”, afirma França. “O bem sempre vence o mal. Se não venceu ainda, é porque não chegamos no final. Pode esperar que estamos chegando”.