Stefano Soliman, ministro plenipotenciário do Ministério das Relações Exteriores da Itália, autor de parecer que classificou ítalo-descendentes como risco à segurança nacional – Foto: Reprodução

Um parecer assinado por Stefano Soliman, ministro plenipotenciário das Relações Exteriores da Itália, provocou forte reação entre comunidades ítalo-descendentes ao redor do mundo. O documento fundamenta o chamado “Decreto Tajani”, que propõe restrições à concessão de cidadania por descendência, sem passar por consulta prévia a órgãos representativos da diáspora.

O parecer interno classifica a proposta como uma questão de segurança nacional, permitindo ao governo da primeira-ministra Giorgia Meloni usar um dispositivo legal de urgência. Com isso, a medida foi encaminhada sem passar pelo Conselho Geral dos Italianos no Exterior (CGIE) ou pelas comissões parlamentares.

Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália – Foto: Reprodução

Segundo o texto, o número crescente de cidadãos italianos fora do país representa uma ameaça institucional, especialmente diante da integração da Itália ao espaço Schengen. O argumento principal é a “ausência de vínculos efetivos” entre os novos cidadãos e a República Italiana, o que poderia comprometer a estabilidade do Estado.

A justificativa causou indignação em lideranças da diáspora, que consideram a medida discriminatória. Associações e parlamentares acusam o governo de transformar milhões de descendentes de italianos em uma ameaça geopolítica. “É um ato de terrorismo institucional”, disseram representantes da comunidade no Brasil.

O ex-deputado Luis Roberto Lorenzato, ligado ao partido de extrema-direita Lega, afirmou que o parecer serve como “prova do golpe contra todos os cidadãos italianos no exterior” e pede providências no Parlamento e na Advocacia do Estado. Ele acusa Soliman de fazer lobby contra os descendentes, considerados por muitos como “embaixadores do Made in Italy”.

A nota técnica assinada por Soliman sustenta que a medida não precisa de Análise de Impacto Regulatório (AIR), pois trata de “interesses fundamentais em matéria de segurança interna e externa”. O documento alerta para o risco de que o número de ítalo-descendentes supere a população residente na Itália.

Também há a preocupação com o impacto da demanda por cidadania sobre os serviços consulares, municipais e judiciais. Segundo o texto, a medida visa evitar sobrecarga nesses órgãos até que seja aprovada uma reforma completa das regras de cidadania italiana.

A pressão sobre o Parlamento aumentou após a divulgação do documento. Políticos da oposição exigem a exoneração imediata de Soliman e a suspensão do Decreto-Lei 36, enquanto comunidades ítalo-descendentes organizam protestos em diversas cidades do mundo.

Documento assinado por Stefano Soliman que classifica a concessão de cidadania a ítalo-descendentes como risco à segurança nacional – Foto: Reprodução

Conheça as redes sociais do DCM:

⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo

🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 05/05/2025